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Rodrigo Mattos

Após pressão da Ferj, CBF decidirá se ataca Liga; times se protegem com lei

rodrigomattos

19/01/2016 05h00

Na briga com a dupla Fla-Flu, a Ferj (Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro) enviou documento à CBF em que exige medidas para tirar poder da Primeira Liga sobre o regional, e adia-la para 2017. O comando da liga rechaça e disse que a lei brasileira impede interferência. Agora depende da CBF que pode tentar proibir a liga e pedir punição da Fifa aos clubes. A entidade já adotou a posição de adiar o torneio.

Um arbitral na sexta-feira na Ferj tinha estabelecido proibição de a dupla Fla-Flu jogar em 2016 a liga que reúne times de Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Além disso, fazia uma série de exigências para que a CBF aceite a realização do regional em 2017.

São oito obrigações divulgadas pela Ferj na noite de segunda-feira que interferem diretamente na realização do torneio. Entre elas, a exigência de que a liga seja organizada pela CBF, que apenas o vice e o campeão do Estadual possam participar, que não existam coincidências com datas do Estadual, e que terá duração máxima do torneio de 15 dias antes do Carioca, ou 30 dias depois dele.

A CBF confirmou que o documento já está em seu departamento jurídico. Na prática, a entidade terá de decidir se cobra dos clubes o cumprimento das normas previstas no ofício da Ferj, ou nada faz. O secretário-geral da CBF, Walter Feldman, tenta uma negociação para o impasse e quer adiar o torneio para 2017. Segundo ele, a Sul-Minas-Rio planejada e consensual teria uma melhor condição de resultados.

Ao mesmo tempo, haverá assembléia da liga nesta terça-feira no Rio para tomar uma posição sobre o assunto. Até agora, Fla e Flu mantêm posição de que vão jogar torneio. Internamente, há quem defenda que, se o Flamengo e Fluminense forem punidos, a CBF teria de punir todos os 15 times da liga, e assumir esse ônus.

Até porque a federação do Rio também já decidiu que moverá um processo na Fifa contra a dupla Fla-Flu em que pedirá a sanção dos times, como antecipou o blog do PVC. A reclamação só terá futuro, no entanto, se a CBF a encampar. Isso porque a Ferj não é filiada à federação internacional e só pode encaminhar reivindicações por meio da confedração.

Ouvido, o advogado da Liga, Eduardo Carlezzo, rechaçou a possibilidade de interferência na liga: "Não há na Lei Pelé nenhum dispositivo legal que obrigue os clubes de futebol a obterem prévia autorização das federações da CBF para a criação de uma liga. Bem como não existe na lei brasileira qualquer norma que proíba um clube de disputar o campeonato da liga", afirmou o advogado. Segundo ele, a lei veta interferência de federações em ligas.

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Sobre o Autor

Nascido no Rio de Janeiro, em 1977, Rodrigo Mattos estudou jornalismo na UFRJ e Iniciou a carreira na sucursal carioca de “O Estado de S. Paulo” em 1999, já como repórter de Esporte. De lá, foi em 2001 para o diário Lance!, onde atuou como repórter e editor da coluna De Prima. Mudou-se para São Paulo para trabalhar na Folha de S. Paulo, de 2005 a 2012, ano em que se transferiu para o UOL. Juntamente com equipe da Folha, ganhou o Grande Prêmio Esso de Jornalismo 2012 e o Prêmio Embratel de Reportagem Esportiva 2012. Cobriu quatro Copas do Mundo e duas Olimpíadas.

Sobre o Blog

O objetivo desse blog é buscar informações exclusivas sobre clubes de futebol, Copa do Mundo e Olimpíada. Assim, pretende-se traçar um painel para além da história oficial de como é dirigido o esporte no Brasil e no mundo. Também se procurará trazer a esse espaço um olhar peculiar sobre personagens esportivas nacionais.