Novo presidente só limpará Fifa se interferir em filiadas como a CBF
Após 42 anos, nesta sexta-feira, a Fifa tem a chance de eleger um presidente e encerrar de vez a era Havelange-Blatter. Um novo comandante, no entanto, não é suficiente para limpar a corrupção na entidade. É preciso uma faxina em boa parte das 209 associações eleitoras na votação da federação internacional.
Não é difícil chegar a constatação de que os problemas do futebol mundial estão na base de seu poder. Os casos de corrupção descobertos pelo FBI envolvem uma série de presidentes de federações nacionais. Veja o caso da América do Sul, onde dirigentes de nove dos dez países da Conmebol foram acusados de receber propinas.
Essa realidade se estende para a América Central e do Norte nos casos investigados pelo FBI. Mas escândalos anteriores também pegaram cartolas africanos, asiáticos, europeus e da Oceania. Não há continente imune à praga.
Ora, de que adianta implementar uma série de reformas na Fifa para criar uma governança correta se o poder político continuar nas mãos de entidades sem controle ou fiscalização?
Peguemos o nosso exemplo por aqui. Após tudo que aconteceu no país, com três ex-presidentes acusados de receber propina em processo na Justiça Norte-Americana, lá está o Coronel Nunes a nos representar na eleição da Fifa. Esse Coronel Nunes alçado ao poder por uma manobra feita pelo afastado Marco Polo Del Nero que continua a dar as cartas na entidade de longe.
Se dentro do âmbito do futebol nacional não existir mudança, não haverá mudança nenhuma. Seria como a CBF propor uma reforma no futebol brasileiro e não querer mexer na estrutura viciada da a maioria das federações. (Aliás isso está em curso por aqui)
Entre os cinco candidatos à presidência da Fifa, nenhum deles propôs de fato uma reforma que comece por baixo e exija um novo tipo de governança das associações nacionais. Que jogadores possam votar para presidente, maior poder aos clubes, fim de cláusulas de barreiras eleitorais, transparência de contas, etc. Claro, não é popular falar em obrigações para eleitores.
Mas essas medidas devem ser impostas pela Fifa sobre suas filiadas por meio de obrigações estatutárias, e com o risco de desfiliação no caso de descumprimento. Qualquer coisa diferente disso terá pouco efeito no triste quadro geral do futebol. Se não for para mudar tudo, era melhor deixar o Blatter por lá. Pelo menos ele nos divertia com sua tragédia.
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