Topo

Rodrigo Mattos

Fifa admite pela 1a vez fraude em escolha de Copa e acaba com era Del Nero

rodrigomattos

16/03/2016 10h33

O processo movido pela Fifa contra cartolas pedindo indenização por supostos desvios de dinheiro tem duas consequências imediatas: mancha a Copa-2010 na Africa do Sul ao reconhecer propina na escolha do país e encerra qualquer chance de volta do presidente licenciado da CBF Marco Polo Del Nero ao futebol.

Primeiro, uma explicação: a investigação do FBI mostrou um esquema de desvio de dinheiro do futebol por dirigentes da América do Sul, Central e Norte. Quem é pego tem que pagar multas e restituições. Esse dinheiro fica disponível para ser requisitado por vítimas como a Fifa. Por isso, a entidade processa os dirigentes.

Dois deles são Jack Warner e Chuck Blazer, ex-membros do Comitê Executivo da Fifa, acusados pelo Departamento de Justiça dos EUA de vender votos na escolha da Africa do Sul como sede da Copa-2010. Em seu processo, a Fifa reconhece essas acusações como verdadeiras pela primeira vez.

"Agora é aparente que vários membros do Comitê Executivo da Fifa abusaram de suas posições e venderam votos em várias ocasiões", diz o documento, citando os dois membros. "Finalmente, devido aos seus fortes laços ilícitos com o comitê sul-africano, os sul-africanos ofereceram uma propina mais atrativa de US$ 10 milhões em troca dos votos de Warner, Blazer e outro membro do comitê executivo", completou, lembrando que Marrocos também ofertara propina.

Ao reconhecer essa venda, a Fifa mancha a escolha da Africa do Sul e coloca suspeita sobre todas as outras ocorridas até 2011 em que havia participação desses dois dirigentes na votação. Entre eles, está a eleição da Rússia e do Qatar para as Copas de 2018 e 2022. Essa votação sempre gerou polêmica, mas a federação internacional descartava realizá-la novamente.

Outra consequência clara do processo é que todos os dirigentes réus não têm mais como voltar a atuar no futebol. É o caso do presidente licenciado da CBF Marco Polo Del Nero de quem a Fifa cobra US$ 1,6 milhão em salários e bônus pagos.

Até agora, seu afastamento da confederação foi por vontade própria após saber que sofria um processo no Comitê de Ética da Fifa e era acusado de corrupção nos EUA. Sua saída, portanto, era provisória e havia cartolas de federações que sempre falaram que ele podia voltar se provasse sua inocência.

A partir deste processo, fica inviável que Del Nero volte à CBF, uma filiada da Fifa, enquanto é processado pela entidade internacional. Ainda mais porque essa ação implica em um reconhecimento da federação internacional de que ele cometeu, sim, irregularidades e recebeu dinheiro de forma ilícita.

 

Sobre o Autor

Nascido no Rio de Janeiro, em 1977, Rodrigo Mattos estudou jornalismo na UFRJ e Iniciou a carreira na sucursal carioca de “O Estado de S. Paulo” em 1999, já como repórter de Esporte. De lá, foi em 2001 para o diário Lance!, onde atuou como repórter e editor da coluna De Prima. Mudou-se para São Paulo para trabalhar na Folha de S. Paulo, de 2005 a 2012, ano em que se transferiu para o UOL. Juntamente com equipe da Folha, ganhou o Grande Prêmio Esso de Jornalismo 2012 e o Prêmio Embratel de Reportagem Esportiva 2012. Cobriu quatro Copas do Mundo e duas Olimpíadas.

Sobre o Blog

O objetivo desse blog é buscar informações exclusivas sobre clubes de futebol, Copa do Mundo e Olimpíada. Assim, pretende-se traçar um painel para além da história oficial de como é dirigido o esporte no Brasil e no mundo. Também se procurará trazer a esse espaço um olhar peculiar sobre personagens esportivas nacionais.