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Rodrigo Mattos

Clubes grandes do Brasil têm 1.700 contratos de fatiamento de jogador

rodrigomattos

28/03/2016 06h00

Os grandes clubes brasileiros têm em torno de 1.700 contratos de fatiamento de jogadores, isto é, de cessão de direitos de negociação para terceiros. Esse número foi constatado pela CBF em levantamento feito em toda a documentação de transferência enviada pelos times. Atualmente, é irregular fazer esse tipo de parceria com terceiros como empresários.

Desde o ano passado, a confederação tem pedido aos clubes que enviem todos os contratos relacionados a seus atletas para regular o mercado. No total, 30 times já mandaram os documentos que foram firmados antes de 2015, quando a Fifa proibiu os direitos de terceiro sobre atletas.

"O número de contratos (de fatiamento) é absurdo. Os clubes grandes têm muito mais. São acima de 100 em cada um deles", contou o diretor do departamento de Registro da CBF, Reinaldo Buzzoni. "Estou assustadíssimo com esse número. Quase todos os jogadores estão nas mãos de outras pessoas."

Especialistas ouvidos pelo blog confirmaram que o número é muito alto em comparação com o que acontece em outros mercados do mundo, o que mostra a dependência dos clubes brasileiros desse tipo parceria financeira com terceiros.

Agora, a CBF está organizando um banco de dados para determinar quantos desses contratos já venceram e quantos ainda estão válidos. Assim, querem saber onde está o atleta neste momento. Depois, a ideia é mapear todos os dados e requisitar as empresas e agentes os contratos relacionados aos jogadores a que têm direito.

"Nosso objetivo é ainda cruzar os dados com os da Fifa para saber quais clubes declararam esses direitos de terceiros nas negociações de TMS. Aqueles que não declararem podem ser punidos", disse Buzzoni.

Em reunião com os executivos de futebol, a CBF ratificou a proibição de repassar direitos de terceiros quando um jogador for negociado, o que ocorreu na transação de Claiton do Figueirense para o Atlético-MG. E, por meio de notícias de jornal, a confederação tem monitorado casos que causem potenciais problemas e pedido informações aos clubes.

"Era um mercado muito desregulado. Não vai resolver de uma hora para a outra porque há contratos longos", reconheceu Buzzoni.

Sobre o Autor

Nascido no Rio de Janeiro, em 1977, Rodrigo Mattos estudou jornalismo na UFRJ e Iniciou a carreira na sucursal carioca de “O Estado de S. Paulo” em 1999, já como repórter de Esporte. De lá, foi em 2001 para o diário Lance!, onde atuou como repórter e editor da coluna De Prima. Mudou-se para São Paulo para trabalhar na Folha de S. Paulo, de 2005 a 2012, ano em que se transferiu para o UOL. Juntamente com equipe da Folha, ganhou o Grande Prêmio Esso de Jornalismo 2012 e o Prêmio Embratel de Reportagem Esportiva 2012. Cobriu quatro Copas do Mundo e duas Olimpíadas.

Sobre o Blog

O objetivo desse blog é buscar informações exclusivas sobre clubes de futebol, Copa do Mundo e Olimpíada. Assim, pretende-se traçar um painel para além da história oficial de como é dirigido o esporte no Brasil e no mundo. Também se procurará trazer a esse espaço um olhar peculiar sobre personagens esportivas nacionais.