Topo

Rodrigo Mattos

De volta à CBF, Del Nero nada fez para se defender nos EUA em quatro meses

rodrigomattos

13/04/2016 06h00

Após promessas de provar sua inocência, o presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, retornou ao comando da CBF sem ter feito nada para se defender das acusações de levar propina na Justiça dos EUA. Documento do Departamento de Justiça norte-americano indica não ter nenhuma informação pública relacionada ao cartola. Isso ocorre porque ele não se apresentou, nem mandou advogado ao país.

No início de dezembro, Del Nero apareceu como um dos indiciados pelo Departamento de Justiça após investigação do FBI. Foi acusado de levar subornos relacionados aos contratos da Libertadores, da Copa América e da Copa do Brasil. No mesmo dia, Del Nero se afastou. Em seguida, disse que provaria sua inocência e retornaria à CBF.

O relatório do Departamento de Justiça datado de 11 de abril de 2016 mostra que oito acusados de corrupção no futebol estão nos EUA. Outros nove estão em outros países com extradição pendente. Por fim, há oito cartolas sobre quem os procuradores norte-americanos nada sabem para seguir o processo, entre eles Del Nero e Ricardo Teixeira.

Se quisesse demonstrar sua inocência, Del Nero teria que se apresentar à Justiça norte-americana e negociar uma fiança para responder processo. Seus advogados informaram que ele tinha intenção de fazer isso, mas lhe faltava dinheiro. Mas a verdade é que o cartola preferiu ficar no Brasil.

O relatório do Departamento de Justiça traça um cronograma para os advogados dos réus para que eles tenham acesso a todas as provas da investigação do FBI. Eles terão dos meses de junho a dezembro para prepararem sua defesa usando os dados fornecidos pelo procuradores. Isso faz parte de um acordo entre os procuradores e os advogados de defesa. Depois disso,  haverá o início do julgamento do juri em fevreiro de 2017.

No Brasil, em entevista à "Folha de S. Paulo", Del Nero mudou de discurso e afirmou: "Não aceito acusações sem provas e muito menos ilações sobre fatos não ocorridos. Antes de provar minha inocéncia, precisam provar minha culpabilidade. com fatos concretos e não achismos, como levianamente ocorre."

Só que Del Nero não tem como ter acesso a nenhuma prova do FBI se não aparece nos EUA. Sua decisão de ficar por aqui significa que só poderá saber o teor básico da acusação, sem analisar provas. Nem tem como rebater o que desconhece. Na prática, em vez de provar sua inocência, decidiu fechar os olhos para o que existe na Justiça norte-americana. O blog tentou contato com o advogado do cartola, mas não obteve retorno até à noite de terça-feira.

Sobre o Autor

Nascido no Rio de Janeiro, em 1977, Rodrigo Mattos estudou jornalismo na UFRJ e Iniciou a carreira na sucursal carioca de “O Estado de S. Paulo” em 1999, já como repórter de Esporte. De lá, foi em 2001 para o diário Lance!, onde atuou como repórter e editor da coluna De Prima. Mudou-se para São Paulo para trabalhar na Folha de S. Paulo, de 2005 a 2012, ano em que se transferiu para o UOL. Juntamente com equipe da Folha, ganhou o Grande Prêmio Esso de Jornalismo 2012 e o Prêmio Embratel de Reportagem Esportiva 2012. Cobriu quatro Copas do Mundo e duas Olimpíadas.

Sobre o Blog

O objetivo desse blog é buscar informações exclusivas sobre clubes de futebol, Copa do Mundo e Olimpíada. Assim, pretende-se traçar um painel para além da história oficial de como é dirigido o esporte no Brasil e no mundo. Também se procurará trazer a esse espaço um olhar peculiar sobre personagens esportivas nacionais.