CBF investe só 0,1% de sua receita no Brasileiro da Série A
A CBF investiu apenas 0,1% da sua receita no Brasileiro da Série A em 2015. O total gasto com o principal campeonato do país é de R$ 719 mil, e é revelado pela primeira vez no balanço da entidade. Em 2014, o gasto com a competição foi ainda menor: R$ 111 mil.
Para se ter uma ideia do que representa esse valor para o campeonato, os contratos de televisão do Nacional somam R$ 1,4 bilhão. A premiação atinge R$ 10 milhões. Esse dinheiro vem da Globo em contratos diretos com os clubes.
Questionada, a assessoria da CBF informou que os gastos com a Série A são relacionados à festa de encerramento, publicação de guias e regulamentos e protocolos de jogos. Há ainda investimentos indiretos como a formação de árbitros que são contabilizados em outros itens. A confederação informa que os gastos são baixos porque ela não participa da logística da competição.
Há vários pontos em que a confederação poderia melhorar no Brasileiro. Investimentos em áreas técnicas como gramados, estádios, profissionalização de árbitros e serviços para torcedores poderiam ser feitos pela entidade, talvez, em parceria com os clubes. Iniciativas de marketing para promover a competição, quase inexistentes, seriam outra possibilidade.
O gasto da confederação na primeira divisão é bem menor do que nas Séries B, C e D. No caso das duas últimas, há subsídios com passagens e custos de clubes. Por isso, a CBF gasta R$ 29 milhões na quarta divisão, R$ 24 milhões na terceira, e R$ 1,2 milhão na Segundona.
Na Série A, a CBF não atua em logística. Pelo modelo da entidade, todos os gastos são bancados pelos clubes, inclusive taxas de arbitragem.
Se não atua na logística, a CBF não abre mão do poder sobre a tabela, sobre os locais de jogos, sobre os árbitros, sobre a inscrição de jogadores. Ou seja, tem o controle do campeonato gastando pouco. A entidade também não tem ganhos com o campeonato.
Mas lhe sobra dinheiro com a exploração da seleção brasileira formada por jogadores de clubes: são mais de R$ 200 milhões em caixa. Há outros itens que geram investimento bem maior do que o Brasileiro. A CBF dá R$ 19,5 milhões para as federações. As despesas com marketing, incluindo comissões de contratos e ativação, somam R$ 36,6 milhões. São certamente prioridade em relação ao Brasileiro.
Após a publicação do post, a CBF enviou explicações mais detalhadas sobre seus gastos com o Brasileiro, alegando que o investimento é maior do que o relatado no balanço. Aí vai o texto abaixo:
"O valor citado por você, conforme conversamos ao telefone, é o valor alocado diretamente na rubrica de Campeonato Brasileiro da Série A. Portanto, neste valor não contam os serviços de apoio e investimentos feitos pelos departamentos especificamente ligados aos torneios.
Embora não tenha nenhuma participação em bilheteria e direitos de televisionamento do Brasileirão, que você bem coloca somam mais de 1 bilhão de reais, tampouco participe de premiações e logística da competição, a CBF ainda faz um grande investimento. Incluem-se aí recursos dispensados pelos departamentos de Arbitragem, Registro e Transferência e de Competições, entre outros, somando um valor superior a 11 milhões de reais somente para a Série A.
No comentário do balanço publicado no site da CBF, na página 4, último parágrafo, está escrito: "ao adicionarmos os custos indiretos calculados sobre os serviços dos departamentos de suporte para o desenvolvimento das atividades precípuas, encontra-se o percentual aproximado de 75% do total das despesas gerais para o fomento direto do futebol".
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