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Rodrigo Mattos

Blatter e Valcke enriqueceram R$ 80 mi com Copa-2014, revelam documentos

rodrigomattos

03/06/2016 12h55

A antiga cúpula da Fifa – o ex-presidente Joseph Blatter e o ex-secretário-geral Jérôme Valcke – levou R$ 80 milhões em bônus pela realização da Copa-2014. É o que revelam documentos liberados pela própria federação internacional e repassados a órgãos investigatórios da Suíça e dos EUA. Os contratos supostamente quebram leis locais, pois não foram autorizados pelo comitê da entidade.

A organização da Copa no Brasil foi bancada, em sua maior parte, pelo dinheiro público, de governos federais e estaduais. A Fifa gozou de isenção fiscal e saiu com uma receita próxima de R$ 10 bilhões. Em nome da federação internacional, Valcke fez diversas exigências que encareceram todos os 12 estádios brasileiros, e ficou famoso por dizer que o Brasil deveria levar um chute na bunda pelos atrasos em obras.

Pois bem, em outubro de 2011, antes mesmo de a Copa se configurar como sucesso financeiro, foram feitas emendas nos contratos de Blatter, Valcke e do então diretor financeiro Markus Kattner. Pelos aditivos nos acordos, foram dados bônus a eles pela Copa das Confederações e pela Copa do Mundo.

Para Blatter, foram 12 milhões de francos suíços (R$ 43,6 milhões); para Valcke, 10 milhões de francos suíços (R$ 36,3 milhões) e para Kattner, 4 milhões de francos suíços (R$ 14,53 milhões). A soma dos bônus dos três dá R$ 94 milhões.

Os pagamentos foram feitos parcelados em dezembro de 2013 (35%) e em dezembro de 2014 (65%). Os dirigentes receberam bônus igualmente altos pelas Copas da Africa do Sul e ganhariam pela Rússia.

Esses bônus só foram aprovados por eles mesmos e pelo então vice-presidente da Fifa Julio Grondona, que já morreu. Não houve autorização do colegiado, isto é, do comitê executivo da entidade. Os valores eram camuflados nos balanços da Fifa.

"Eles tinham a autoridade que precisavam, e eles simplesmente incluíam na folha de pagamento, e diziam para o departamento encarregado dos contratos de empregados da Fifa que reportava para o senhor Kattner quanto tinha que ser pago e a quem", contou o advogado Quinn Emmanuel, um dos contratados pela Fifa para investigar a gestão anterior.

No total, os três dirigentes receberam 79 milhões de francos suíços (R$ 286 milhões) em bônus, que, teoricamente, são indevidos porque não fora autorizados pelo comitê executivo, segundo documentos da Fifa.

Blatter e Valcke foram afastados da Fifa desde o ano passado pelo Comitê de Ética da entidade, após a constatação de outros desvios na entidade. A partir daí, um grupo de advogados contratado pela federação internacional investiga seus ganhos e contratos.

O advogado de Blatter, Richard Cullen, soltou um comunicado em que afirma: "Nós esperamos mostrar a Fifa que os pagamentos de compensação para Blatter foram apropriados, justos e em linha com os chefes das principais ligas profissionais de esporte pelo mundo."

Sobre o Autor

Nascido no Rio de Janeiro, em 1977, Rodrigo Mattos estudou jornalismo na UFRJ e Iniciou a carreira na sucursal carioca de “O Estado de S. Paulo” em 1999, já como repórter de Esporte. De lá, foi em 2001 para o diário Lance!, onde atuou como repórter e editor da coluna De Prima. Mudou-se para São Paulo para trabalhar na Folha de S. Paulo, de 2005 a 2012, ano em que se transferiu para o UOL. Juntamente com equipe da Folha, ganhou o Grande Prêmio Esso de Jornalismo 2012 e o Prêmio Embratel de Reportagem Esportiva 2012. Cobriu quatro Copas do Mundo e duas Olimpíadas.

Sobre o Blog

O objetivo desse blog é buscar informações exclusivas sobre clubes de futebol, Copa do Mundo e Olimpíada. Assim, pretende-se traçar um painel para além da história oficial de como é dirigido o esporte no Brasil e no mundo. Também se procurará trazer a esse espaço um olhar peculiar sobre personagens esportivas nacionais.