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Rodrigo Mattos

Como no futebol, torcida olímpica fica sem metrô por 'horário da TV'

rodrigomattos

12/08/2016 06h00

O público que vai às competições da primeira semana de Olimpíada sofre um mesmo problema do torcedor de futebol em algumas cidades como São Paulo: fica sem metrô como transporte para casa por causa do horário imposto pela TV. Em ambos os casos o transporte fecha antes de o espectador conseguir acessá-lo por ser muito tarde.

Nos Jogos, isso ocorre com quem vai às finas da natação no Parque Olímpico. Todas as provas decisivas foram marcadas para noite para atender o horário nobre da NBC, rede norte-americana que paga US$ 1,4 bilhões pelos direitos da Olimpíada.

Quando sai da instalação, o torcedor tem que pegar um BRT (corredor de ônibus) até a estação de metrô Jardim Oceânico, no início da Barra da Tijuca. Só que a estação fecha à uma hora da manhã, então, é comum boa parte dos torcedores ficarem sem poder utilizar o trem. A alegação é de ser necessário tempo para manutenção.

Em resumo, o torcedor tem que continuar no BRT até a zona sul. Há relatos de pessoas que ficaram na mão e simplesmente tiveram que pegar táxi. Pior é para o torcedor que vai para a zona norte e tem que pegar outro meio de transporte. Isso já estava previsto no sistema de transporte da prefeitura do Rio.

"(Transporte) É uma responsabilidade da cidade que tem providenciado o metrô. Não tem nada a ver com o tempo da competição. É um novo sistema, e o metrô da Barra é um legado", afirmou o diretor de comunicação do Rio-2016, Mario Andrada. Ele ressalta que, se a Olimpíada não atender os horários da NBC ,não terá o dinheiro dos direitos.

Esse problema ainda se estende ao Maracanãzinho onde jogos de vôlei são tarde da noite e acabam de madrugada. O mesmo deve ocorrer com o atletismo com finais quase meia-noite, tudo para atender a NBC e seu prime time.

É exatamente a mesma situação do futebol nas quartas-feiras à noite no Brasileiro. Detentora dos direitos de transmissão, a Globo exige que os jogos sejam marcados para 21h45 para ocorrerem após as suas novelas.

Com isso, torcedores do Corinthians, por exemplo, já tiveram que sair mais cedo de jogos do time para chegar a tempo para o metrô que fechava logo depois do final da partida. Há questionamentos ao governo do Estado para que o metrô funcione até mais tarde.

Mas isso implica em maior custo para a população em geral, tanto no caso do Rio de Janeiro quanto de São Paulo. A solução mais prática para atender os interesses dos torcedores seria realizar as competições mais cedo, mas, como donas das competições, as televisões não aceitam modificações.

Sobre o Autor

Nascido no Rio de Janeiro, em 1977, Rodrigo Mattos estudou jornalismo na UFRJ e Iniciou a carreira na sucursal carioca de “O Estado de S. Paulo” em 1999, já como repórter de Esporte. De lá, foi em 2001 para o diário Lance!, onde atuou como repórter e editor da coluna De Prima. Mudou-se para São Paulo para trabalhar na Folha de S. Paulo, de 2005 a 2012, ano em que se transferiu para o UOL. Juntamente com equipe da Folha, ganhou o Grande Prêmio Esso de Jornalismo 2012 e o Prêmio Embratel de Reportagem Esportiva 2012. Cobriu quatro Copas do Mundo e duas Olimpíadas.

Sobre o Blog

O objetivo desse blog é buscar informações exclusivas sobre clubes de futebol, Copa do Mundo e Olimpíada. Assim, pretende-se traçar um painel para além da história oficial de como é dirigido o esporte no Brasil e no mundo. Também se procurará trazer a esse espaço um olhar peculiar sobre personagens esportivas nacionais.