Com ouro, seleção se reconcilia com futebol e com Maracanã
Não foi uma revanche contra a Alemanha, nem vingamos o 7×1. Mas toda recuperação deve ter um primeiro passo, um início de caminho. E a seleção brasileira indicou ter começado sua caminhada de volta ao conquistar o ouro olímpico. Reconciliou-se com o futebol e com o Maracanã.
Não, a crise do futebol nacional não se esvaiu de repente. Mas há notícias positivas. Neymar assumiu o protagonismo que lhe cabe, seja na bola, seja com a torcida. O time adotou táticas modernas como a defesa avançada, o goleiro como líbero e uma linha de ataque de quatro à frente.
Essa ofensividade talvez seja o fator mais promissor do novo time de Rogério Micale. Sim, isso implica em se expôr e permitir três bolas na trave alemães no primeiro tempo. O time germânico, diga-se, era mais organizado, mais pronto do que o brasileiro. Não à toa: joga junto e igual desde categorias menores. E é um time experiente em seleção de base e em números de jogos da Bundesliga.
Por isso, o jogo foi equilibrado a maior parte do tempo. Porque o Brasil era a equipe mais talentosa em campo, rechaçando aqueles que dizem que não é uma geração frutífera. Neymar gastava a bola, seja armando, seja arrematando com perfeição. Renato Augusto era dono do meio de campo. Quase todos iam bem, exceção dos dois Gabriéis, sem achar espaço e errando nos lances finais.
Ao gol de Neymar, a Alemanha respondeu com bela jogada coletiva após falha na saída de bola do Brasil. O placar refletia o jogo. E o Brasil não se intimidou: saiu para o jogo. Faltou a conclusão correta às inúmeras jogadas criadas por Neymar para seus companheiros.
Cansados ambos os times, o jogo foi para os pênaltis. Ali, fez sentido a escolha de Rogério Micale por um goleiro que, além de saber sair do gol, pegasse pênaltis. E Weverton cumpriu seu papel pegando a quinta cobrança de Nils Petersen. Coube a Neymar fazer o Maracanã explodir como há um tempo não se via.
Ressalte-se que a torcida foi um espetáculo à parte. Esteve sempre com o time, vaiou os alemães, esteve junto a cada ataque. Até o zicado "Eu acredito", que um grupo puxou, foi abafado. Dizem que o Sudeste é hostil à seleção, e por isso Ricardo Teixeira e seus amiguinhos mantiveram a seleção longe do Maracanã na Copa-2014. Pois o estádio provou que é a casa da seleção. Quem sabe de uma nova seleção.
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