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Rodrigo Mattos

E Tite descobre que a geração não era tão ruim assim

rodrigomattos

01/09/2016 20h17

No auge da crise do futebol brasileiro, com a seleção sob o comando de Dunga, uma das máximas repetidas era que o Brasil tinha que aceitar que vivia uma geração ruim, uma entressafra. O próprio Dunga nunca aceitou essa tese. Pois Tite, em sua estreia, encontra em um garoto de 19 anos um centroavante capaz de criar três gols em jogo de eliminatória fora de casa, diante do Equador.

Não há como dizer que a seleção tem um timaço, e jogadores para todas as posições. Mas está claro que jogava abaixo de suas capacidades com Dunga.

Ressalte-se que Tite teve pouco tempo para treinar. O que fez foi de uma certa forma o óbvio: escalou Neymar aberto na esquerda (às vezes caia para o meio), Willian na direita, e o artilheiro do Brasileiro, Gabriel Jesus, no meio.

No meio, teve o controle de Casemiro, um dos melhores volantes do mundo, e Renato Augusto em ascensão. Sua aposta, Paulinho, ainda se mostrou lento e abaixo dos demais. Mas acertou nas outras posições, Marquinhos na zaga, Marcelo na lateral, e por aí vai.

O time demorou a engrenar com um primeiro tempo lento na saída de bola em que se deixou pressionar pelo Equador em jogadas laterais. Nada que amedrontasse. Jogo fraco, monótono.

A volta foi bem diferente. O Brasil se soltou nos espaços à frente da zaga equatoriana, com triangulações, jogadas de lado, chutes de longe. Dominava completamente o rival. Era a seleção.

Já podia ter saído o gol quando Gabriel Jesus superou Mina, sofreu um pênalti e deu para Neymar a chance de abrir o placar. E aí o palmeirense iniciou seu recital. Fez um gol de meia-letra após bom cruzamento de Marcelo, e completou um placar com um pintura colocada após nova jogada pela esquerda.

Não, os problemas brasileiros não estão todos resolvidos e Tite é um gênio. Na verdade, o que fez nesta quinta-feira foi um esboço do time que pretende neste 4-3-3 tão adotado no mundo todo. O que contou mais foi a escalação dos jogadores certos, nos lugares certos, ressalvada uma ou outra exceção (certos nomes da sua convocação ainda precisam convencer da sua utilidade).

Assim, mostrou que jogadores para construir um time o Brasil tem. Só em relação aos meias que estamos abaixo das grandes seleções do mundo – não há como comparar os nossos com Kroos, Iniesta, entre outros. Enfim, foi um belo início.

Sobre o Autor

Nascido no Rio de Janeiro, em 1977, Rodrigo Mattos estudou jornalismo na UFRJ e Iniciou a carreira na sucursal carioca de “O Estado de S. Paulo” em 1999, já como repórter de Esporte. De lá, foi em 2001 para o diário Lance!, onde atuou como repórter e editor da coluna De Prima. Mudou-se para São Paulo para trabalhar na Folha de S. Paulo, de 2005 a 2012, ano em que se transferiu para o UOL. Juntamente com equipe da Folha, ganhou o Grande Prêmio Esso de Jornalismo 2012 e o Prêmio Embratel de Reportagem Esportiva 2012. Cobriu quatro Copas do Mundo e duas Olimpíadas.

Sobre o Blog

O objetivo desse blog é buscar informações exclusivas sobre clubes de futebol, Copa do Mundo e Olimpíada. Assim, pretende-se traçar um painel para além da história oficial de como é dirigido o esporte no Brasil e no mundo. Também se procurará trazer a esse espaço um olhar peculiar sobre personagens esportivas nacionais.