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Rodrigo Mattos

Nuzman sufoca oposição e garante chapa única para se reeleger no COB

rodrigomattos

03/09/2016 06h00

O presidente do COB, Carlos Arthur Nuzman, sufocou a oposição com um estratégia que incluiu lista de apoios ampla, uso de regras de estatuto e guerra nos tribunais. Assim, logo após os Jogos do Rio-2016, conseguiu se firmar como chapa única para o pleito no final deste ano, garantindo sua permanência por mais quatro anos. Completará 25 anos à frente da entidade.

A disputa em torno da eleição começou em abril deste ano. Pelo estatuto do COB, é até este mês que as chapas têm que ser inscritas, embora a eleição só ocorra no final do ano. Para ser válida, uma candidatura tem que contar com 10 assinaturas de membros da assembleia, confederações olímpicas, ou membros natos, todos aliados de Nuzman.

O presidente da CBTM (Confederação Brasileira de Tênis de Mesa), Alaor Azevedo, queria se candidatar como opositor. Mas Nuzman inscreveu sua chapa com o apoio de 30 nomes, segundo apurou blog, o que inviabilizava qualquer concorrente.

Alaor então foi à Justiça para tentar obter mais tempo para tentar reverter apoios em seu favor. Ganhou em duas instâncias judiciais no Tribunal do Rio de Janeiro para ter prazo até 30 dias antes da eleição para se inscrever.

Só que, acabada a Olimpíada, no dia 23 de agosto, o desembargador Marcelo de Lima Buhatem mudou sua decisão inicial e deu ganho de causa ao COB, negando a nova data para registro. Um dos argumentos do comitê é de que a própria CBTM tem prazo de inscrição de chapa em abril.

A confederação de tênis de mesa recorreu e pediu pelo menos cinco dias a mais para sua inscrição de chapa, tempo que faltava para o final de abril quando se iniciou o processo judicial. De novo, o desembargador negou a requisição e disse que o juiz de primeira instância poderia conceder esse direito. Alaor aguarda o magistrado inicial se pronunciar.

Só que, na prática, sua chapa já está enterrada. Mesmo se vencer essa última disputa judicial, ele teria cinco dias para convencer confederações a retirar apoio já dado a Nuzman. O próprio Alaor admitiu que não tem as dez assinaturas necessárias.

Questionado, o COB não quis comentar o número de apoios de Nuzman por uma questão de "elegância". A assessoria do comitê negou que a chapa única seja uma medida anti-democrática, e rechaçou crítica a cláusula de barreira que exige dez assinaturas por candidato.

"A eleição no COB é democrática. Se não há outra chapa, é porque não se inscreveu a tempo", disse a assessoria. "Não é uma questão se a regra (das assinaturas) é democrática. Ela foi aprovada por toda a assembléia do COB. O candidato de oposição (Alaor) aprovou lá atrás também e foi apoiado por todos. Se quiser, pode propor mudança na assembleia."

Com o fim das chances da oposição, a chapa única de Nuzman será eleita por aclamação em alguma data do último trimestre do ano. Só se saberá quando exatamente oito dias antes quando for convocada a assembleia por edital.

 

Sobre o Autor

Nascido no Rio de Janeiro, em 1977, Rodrigo Mattos estudou jornalismo na UFRJ e Iniciou a carreira na sucursal carioca de “O Estado de S. Paulo” em 1999, já como repórter de Esporte. De lá, foi em 2001 para o diário Lance!, onde atuou como repórter e editor da coluna De Prima. Mudou-se para São Paulo para trabalhar na Folha de S. Paulo, de 2005 a 2012, ano em que se transferiu para o UOL. Juntamente com equipe da Folha, ganhou o Grande Prêmio Esso de Jornalismo 2012 e o Prêmio Embratel de Reportagem Esportiva 2012. Cobriu quatro Copas do Mundo e duas Olimpíadas.

Sobre o Blog

O objetivo desse blog é buscar informações exclusivas sobre clubes de futebol, Copa do Mundo e Olimpíada. Assim, pretende-se traçar um painel para além da história oficial de como é dirigido o esporte no Brasil e no mundo. Também se procurará trazer a esse espaço um olhar peculiar sobre personagens esportivas nacionais.