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Rodrigo Mattos

Pressionado, COB quer driblar queda de verba federal para crescer em Tóquio

rodrigomattos

05/10/2016 10h30

Reeleito para mais um mandato à frente do COB – no qual deverá completar 25 anos -, o presidente do comitê, Carlos Arthur Nuzman, sabe que enfrentará um cenário bem diferente da fartura de dinheiro estatal para o ciclo da Olimpíada Rio-2016. Por isso, pretende criar um plano para levantar patrocínio. Ao mesmo tempo, projeta melhorar o desempenho olímpico para Tóquio-2020.

Ressalte-se que a gestão de Nuzman, com bastante dinheiro, não conseguiu atingir a meta proposta para o Rio-2016 de ficar entre 10 primeiros no ranking de medalhas. Foram 19 pódios, o melhor desempenho brasileiro nos Jogos, mas um crescimento modesto para um país-sede.

Talvez por isso sua eleição teve maioria, mas passou longe da unanimidade. Houve quatro abstenções e um voto contra dos 29 totais. E o presidente da Confederação Brasileira de Tênis de Mesa, Alaor Azevedo, ainda luta para anular o pleito na Justiça alegando falta de tempo para inscrever chapa de oposição.

Um cenário de pressão ao COB que se acentua com o anúncio de estatais como o Correios de redução drástica no investimento no esporte, enquanto a verba federal já foi cortada pelo Ministério do Esporte. "Vou voltar no tempo que eu comecei e não tinha dinheiro para nada", afirmou Nuzman. "Mas a luta por recursos é a obrigação da nossa parte com dificuldades ou não. Porque os projetos são muitos."

O discurso de Nuzman tem um certo exagero já que o COB conta com recursos fixos da Lei Piva, da loteria, distribuídos a confederações. E nem todas as estatais abandonaram – o Banco do Brasil deve ficar no vôlei. Mas ele tem razão que há queda de dinheiro inclusive de patrocinadores do COI que fortaleciam o caixa do comitê brasileiro: os contratos acabam no final de 2016.

"Vamos partir forte com uma ação de patrocínio", contou Nuzman. "Tem um cenário muito propício para eles virem. Vamos montar um projeto para atrair. Acho que tem perspectiva de alguns ficarem. O resultado para eles foi muito bom."

Esportivamente, Nuzman disse que não é hora de estabelecer uma meta. O novo diretor-executivo de esportes, Agberto Guimarães, no entanto, disse que não faz sentido as confederações e o COB não projetarem um desempenho melhor para Tóquio-2020.

"Em uma resposta simples: quero olhar para a quantidade de finalistas que tivemos em provas individuais e fazer com que esses finalistas tenham a possibilidade de ganhar uma medalha. O número de bronze e competir com prata e ouro. E assim por diante. O reflexo disso: a gente vai dizer se será A, B ou C no ranqueamento", analisou Guimarães.

Em uma comparação, ele lembrou sua carreira como atleta em que, quando atingia a marca de 1ms45 nos 400 metros, queria baixar para a casa dos 1ms44. "É pragmático." Cabe ao COB ser pragmático e atingir, com menos dinheiro federal, o crescimento que só obteve em parte no Rio-2016.

 

Sobre o Autor

Nascido no Rio de Janeiro, em 1977, Rodrigo Mattos estudou jornalismo na UFRJ e Iniciou a carreira na sucursal carioca de “O Estado de S. Paulo” em 1999, já como repórter de Esporte. De lá, foi em 2001 para o diário Lance!, onde atuou como repórter e editor da coluna De Prima. Mudou-se para São Paulo para trabalhar na Folha de S. Paulo, de 2005 a 2012, ano em que se transferiu para o UOL. Juntamente com equipe da Folha, ganhou o Grande Prêmio Esso de Jornalismo 2012 e o Prêmio Embratel de Reportagem Esportiva 2012. Cobriu quatro Copas do Mundo e duas Olimpíadas.

Sobre o Blog

O objetivo desse blog é buscar informações exclusivas sobre clubes de futebol, Copa do Mundo e Olimpíada. Assim, pretende-se traçar um painel para além da história oficial de como é dirigido o esporte no Brasil e no mundo. Também se procurará trazer a esse espaço um olhar peculiar sobre personagens esportivas nacionais.