Inquérito de Andrés na Lava-Jato impacta disputa Corinthians e Odebrecht
A abertura de inquérito contra o ex-presidente corintiano Andrés Sanchez na Lava-Jato terá impacto na disputa entre Corinthians e Odebrecht relacionada à conta da arena. Ambas as partes já previam a investigação do dirigente na operação. E, como ele teve papel central na negociação do estádio, isso afetará todas as apurações sobre o que ocorreu na sua construção e gestão.
A inclusão de Andrés na Lava-Jato se deu por conta de inquérito da Polícia Federal que apura suposto dinheiro dado pela Odebrecht a André Oliveira (R$ 500 mil), vice-presidente do Corinthians e ligado ao cartola. O blog apurou que uma das acusações é de pagamento de Caixa Dois pela empreiteira para a campanha de Andrés para deputado federal em 2014. Por isso, o STF (Supremo Tribunal Federal) aceitou abrir o inquérito contra o parlamentar.
Em paralelo, delações de executivos da Odebrecht vão incluir Andrés. Entre eles, estão Antônio Gavioli e Benedicto Barbosa Junior, que tiveram papel na construção do estádio. Eles apontaram pagamento de Caixa 2 a Andrés. Suas delações, no entanto, ainda não foram homologadas e portanto não estão incluídas no inquérito. Na planilha da Odebrecht, o pagamento de André Oliveira aparece associado a Gavioli.
Andrés nega ter recebido qualquer dinheiro da Odebrecht de Caixa Dois. Foi o que disse à reportagem do UOL Esporte, e repetiu essa versão a aliados na noite de quinta-feira. Essa será a sua linha de defesa e ele afirma ter como provar.
Mas, enquanto o caso é apurado, a atuação de Andrés em toda a obra fica sob questionamento. E foi ele quem negociou o contrato e as mudanças que aumentaram o preço da obra – hoje atinge R$ 1,2 bilhão. Ainda foi o principal responsável pelo modelo de gestão do estádio. Sua proximidade com a Odebrecht sempre foi notória: declarou-se um soldado da empreiteira em grampo gravado pela polícia.
Caso seja comprovado que cometeu alguma irregularidade, o próprio Andrés poderia ser alvo de uma ação de regresso do clube para cobrar prejuízos supostamente causados ao Corinthians. Essa é uma certeza entre partes envolvidas na negociação. A questão é se o presidente corintiano, Roberto de Andrade, processaria o antigo aliado com quem tem rusgas atualmente.
Isso se somaria às cobranças que o Corinthians já estuda fazer contra a empreiteira alegando que houve irregularidade nas contas na obra feitas pela Odebrecht. Há uma auditoria em curso contratada pelo clube para verificar a obra, ao mesmo tempo em que a empreiteira alega que não recebeu pagamentos devidos pelo clube. Uma matéria do "Globo.com" mostrou que contrato da Odebrecht previa dividir com fornecedores dinheiro que deveria ir para a obra. A construtora nega ter descumprido o contrato.
Com a inclusão de Andrés na Lava-Jato, a Odebrecht poderia se aproveitar da fragilidade do Corinthians na negociação. Mas a própria empreiteira está em uma posição delicada porque, a prevalecer a sua versão, fez pagamentos ilegais à campanha do dirigente conectados à construção da Arena Corinthians. Mais, o ex-presidente da empresa Marcelo Odebrecht está preso na operação da Lava-Jato.
Por isso, é certo que a inclusão de Andrés terá impacto no estádio, mas são incertas quais as consequências no momento. Fato é que, mais uma vez, a imagem da arena é afetada e por consequências as receitas do empreendimento tão necessárias para quitar a dívida de R$ 1,2 bilhão. Esse é o único consenso entre as partes.
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