Atlético Nacional: mais do que um clube
Em uma noite triste e bela, o Atlético Nacional transformou Medelín na capital da solidariedade. Seu estádio cheio em homenagem à Chapecoense e aos mortos na tragédia demonstrou como o futebol transcende o campo e como pode despertar a humanidade às vezes perdida em nós. A agremiação colombiana se revelou mais do que um clube, tomando para si o lema do Barcelona.
É preciso lembrar que não havia jogo, não havia um evento. Ainda assim foram 40 mil pessoas para o Atanasio Girardot, sendo que outras 60 mil ficaram de fora. Dentro, os torcedores cantavam: "Dá lhe, dá lhe, Chape". Seus gritos não eram protocolares: eram sentidos, altos.
Quando se poderia imaginar no Brasil que um estádio cheio, sem jogo, para homenagear mortos de um time rival de outro país? Você consegue imaginar que alguma torcida brasileira faria isso? Eu não. O Nacional e sua torcida demonstraram que estão em um estágio de desenvolvimento humano superior ao do nosso futebol. Que aprendamos com eles.
Após os gritos, os discursos. Onde normalmente há demagogia, havia sentimento sincero. O técnico Reinaldo Rueda agradeceu ao futebol brasileiro, citando uma lista infindável de craques nacionais e depois os nomes de vários jogadores da Chapecoense. Ao prefeito de Medellín, Federico Gutierrez, coube uma frase lapidar: "O pior que pode acontecer é ser indiferente a dor dos outros."
O mais sóbrio dos mortais já estava desidratado de tanto chorar. Mas ainda havia os balões soltos com os nomes dos mortos citados, e havia as flores brancas jogadas no campo pela torcida.
Não tem nem 25 anos que Medellín era uma cidade marcada pela violência que afetava a população. A partir desta quarta-feira, virou símbolo da capacidade de se compadecer do outro, de apoiá-lo no momento difícil. A reação da cidade e de seu principal time à tragédia brasileira nos ensinou a sermos mais humanos.
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