Rio-2016: tudo que é legado esportivo se desmancha no ar
Quando o Brasil se tornou sede da Olimpíada, em 2009, a promessa de organizadores era de que haveria um legado esportivo para o país. Isso se traduziria em uma infraestrutura renovada, e uma formação de uma cultura e de um corpo de atletas que que fortaleceriam o esporte olímpico do país. Uma sucessão de notícias deixa essa promessa cada vez mais longínqua.
Para chegar à Rio-2016, e tentar um inédito 10o lugar no quadro de medalhas, o Brasil teve um investimento total de R$ 3,2 bilhões em salários, serviços e infraestrutura para atletas. A esse valor inédito, acrescente-se os gastos com a estrutura para os Jogos: Parque Olímpicos, Deodoro, Parque Radical.
No quadro de medalhas, foram apenas duas medalhas a mais, sem alcançar a meta. Poderia se argumentar que isso pode gerar frutos futuros. Mas não é o que indica o quadro atual.
Quatro meses após a Olimpíada, a administração do Parque Olímpico foi transferida ao Ministério do Esporte depois de fracassar a tentativa de privatiza-la. O governo federal topou, apesar de não saber quanto vai gastar. A promessa de um sólido plano de legado ficou nisso, em promessa.
O Ministério do Esporte que terá de bancar essa estrutura é o mesmo que há seis meses cancelou um edital para dinheiro de confederações olímpicas no valor de R$ 150 milhões. Uma parte desse dinheiro deve acabar na conta ainda incerta do Parque, não se sabe quanto sobrará para essas entidades.
O corte não está apenas aí: o dinheiro de estatais, antes portentoso, míngua. Quem mantiver o contrato, deve se dar por satisfeito com reduções. Haverá quem perca toda a receita de patrocínio e sem lá muita perspectiva de recurso privado forte. O dinheiro da loteria da Lei Piva, em um país em crise, também caiu de volume, embora pelo menos seja garantido.
E nem dá para dizer que as confederações são injustiçadas. Surfando na tsunami de dinheiro públicas, a maioria dos cartolas de entidades esportivas se meteu em confusões e acusações de mal administração de verba. Isso quando não são apontados desvios claros como a investigação da Polícia Federal sobre a Confederação Brasileira de Taekwondo.
Em meio a isso, como ficam os atletas? Suas bolsa-pódios, aquele benefício que apoiava os melhores, acabaram no meio do segundo semestre de 2016, logo após os Jogos. O Ministério do Esporte lançou novo edital agora no final de dezembro e vai publicar nomes em março.
Na melhor das hipóteses, os atletas ficam seis meses sem receber, mas garantem apoio até 2020. Mas não se sabe o volume de recursos. O investimento é de "acordo com a disponibilidade orçamentária e financeira do ME".
Analisado o quadro geral, de positivo, a formação de uma nova geração de atletas (em número bem inferior ao esperado, diga-se). Agora o cenário indica que o tratamento que receberão, assim como seus sucessores, vai retroagir bastante em relação ao último ciclo olímpico. O projeto de esporte olímpico, que antes diziam ser sólido, cada vez mais se desmancha no ar.
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