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Rodrigo Mattos

Por que a Globo garantiu Estaduais grandes por mais três anos

rodrigomattos

03/02/2017 04h00

Ao renovar os contratos dos principais Estaduais do Sul e Sudeste, a Globo assinou acordos que estabelecem número de datas mínimas e reajustes significativos para as competições. Na prática, isso garantiu aos campeonatos, contestados pela falta de interesse, pelo menos três anos no tamanho atual. Isso se explica porque a emissora ainda vê potencial de audiência nos Estaduais, embora estude discutir modificações nos formatos.

Estaduais como Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul tinham contratos de tv que acabaram em 2016. A renovação com a Globo ocorreu com a previsão do mínimo de 17 datas para os próximos anos para os três Estados. Há uma garantia mínima também no Paulista, renovado em 2015, mas não foi possível saber qual. Esse patamar tem uma data a menos do que o previsto no atual calendário da CBF. É a confederação quem determina o cronograma de jogos.

A Globo decidiu aumentar seu investimento nos Estaduais porque obtém boas audiências com eles em certos jogos. As partidas iniciais têm pouco interesse esportivo por serem com times menores. Mas a emissora registra índices altos de audiência em mata-matas dos campeonatos, em certas ocasiões superiores aos do Brasileiro por serem eliminatórios. Ou seja, a média de audiência não é ruim.

"Sim, a gente tem a a garantia (do Estadual com 17 datas) porque a Globo é parceira da CBF. Se a CBF não der o número de datas, a Globo teria que pagar. Mas sabemos que não tem possibilidade disso acontecer", afirmou o presidente da Federação do Rio Grande do Sul, Francisco Noveletto. Seu contrato foi de 3 anos, com possibilidade de renovação por mais cinco. O reajuste foi de 35% sobre o valor. Antes, os grandes, Inter e Grêmio, levavam R$ 7 milhões cada.

No Rio, os contratos também garantem 17 datas, além da previsão de usar o time principal – inclusive o acordo do Flamengo que foi assinado em separado. Mas, no caso carioca, o valor dos acordos tem que ser reduzido se cair o número de datas. Ou seja, nenhum time ou federação vai querer isso. Houve reajuste significativo do contrato do Estadual que foi para R$ 120 milhões. Os grandes ganharão R$ 15 milhões cada.

Em São Paulo, a renovação para 2016 também envolveu praticamente dobrar o valor e atingir patamar em torno de R$ 150 milhões. Em ambos os casos, a Globo ofertou mais dinheiro por conta da concorrência com o Esporte Interativo que fez propostas altas.

Em Minas, não foi possível confirmar a exitência de cláusula de mínimo de datas na renovação para este ano. Mas são 15 datas no campeonato mineiro, e a tendência é que seja mantido para o próximo ano após renovação de contrato. Também houve reajuste no Estado.

Mesmo sem a presença de Atlético-PR e Coritiba, a Globo assinou com a Federação de Futebol do Paraná e os outros dez clubes por três anos pelo Estadual. "A Globo é uma coisa, da parte financeira, mas o calendário é da CBF", ressaltou o presidente da federação, Hélio Cury, apesar das 17 datas garantidas no contrato. Ele afirmou que Atlético-PR e Coritiba poderão assinar com a Globo desde que com a anuência dos outros times.

Esse Estadual mostra que a emissora se interessou, com valor inferior claro, mesmo por um campeonato sem grandes. Mas isso não significa que a Globo está plenamente satisfeita com os Estaduais. Não há dentro da emissora resistência a mudanças de calendário que transformassem as fórmulas dos Estaduais ainda que dentro dessas 17 datas. As discussões ainda são bem embrionárias.

Uma mudança mais radical, no entanto, obrigaria que se houve um novo modelo de remuneração ou arrumação de jogos do futebol brasileiro. Afinal, clubes ganham mais de R$ 1 milhão por jogo em Estaduais como no Rio de Janeiro e São Paulo.

No Nordeste, houve um processo na direção da redução dos Estaduais, e criação de fases preliminares. O Campeonato Baiano foi sendo reduzido ano a ano até chegar a 12 datas e o Pernambucano ficou com 14 datas, com mais uma fase prévia sem grandes. Em Pernambuco, há uma cláusula mínima de 14 datas, na Bahia, não.  "A gente já vinha reduzindo os estaduais então não dava para ter cláusula mínima. Conciliamos com Copa Nordeste e Copa do Brasil", disse o presidente Ednaldo Rodrigues.

Sobre o Autor

Nascido no Rio de Janeiro, em 1977, Rodrigo Mattos estudou jornalismo na UFRJ e Iniciou a carreira na sucursal carioca de “O Estado de S. Paulo” em 1999, já como repórter de Esporte. De lá, foi em 2001 para o diário Lance!, onde atuou como repórter e editor da coluna De Prima. Mudou-se para São Paulo para trabalhar na Folha de S. Paulo, de 2005 a 2012, ano em que se transferiu para o UOL. Juntamente com equipe da Folha, ganhou o Grande Prêmio Esso de Jornalismo 2012 e o Prêmio Embratel de Reportagem Esportiva 2012. Cobriu quatro Copas do Mundo e duas Olimpíadas.

Sobre o Blog

O objetivo desse blog é buscar informações exclusivas sobre clubes de futebol, Copa do Mundo e Olimpíada. Assim, pretende-se traçar um painel para além da história oficial de como é dirigido o esporte no Brasil e no mundo. Também se procurará trazer a esse espaço um olhar peculiar sobre personagens esportivas nacionais.