Caso Tucumán é retrato do caos da Libertadores, e não motivo de exaltação
O caso do atraso do Atlético Tucuman para disputar a partida contra o El Nacional, do Equador, é menos um caso de heroísmo e mais um retrato do caos que ocorre há anos na Libertadores. O time argentino mostrou desorganização, desrespeito ao regulamento da competição e uso de influência política para jogar, além de botar seus atletas em risco. Foi premiado com a chance de jogar e conquistar a vaga. Se há mérito, é só dos jogadores.
Lembremos que o caos e os "jeitinhos" na Libertadores e na Sul-Americana já causaram a morte de uma delegação (Chapecoense), morte de um torcedor (boliviano em Oruro), ferimentos a jogadores (River Plate), pressão incompatível com o futebol (apedrejamento de equipes) e injustiças desportivas (arbitragens caseiras e tendenciosas). Tudo é uma face da mesma moeda que inclui a chegada atrasada do Tucumán ao Equador.
Vamos aos fatos para mostrar o porquê desta conclusão. O regulamento da Libertadores prevê que um time deve chegar 24 horas antes da partida. Bem, o Atlético Tucumán contratou uma empresa para levá-lo de Guayaquil a Quito em voo no dia do jogo. Já desrespeitava as regras. Ficou sujeito ao problema que ocorreu do voo ser vetado por autoridades equatorianas.
A solução foi um voo charter que chegava na hora do jogo ao estádio. Já era descumprido outro item do regulamento de que o time deveria se apresentar no estádio 90 minutos antes do jogo. Por fim, houve a corrida desabalada do ônibus a 130 km/h para chegar até o estádio. Isso obviamente colocou em risco os jogadores.No meio do caminho, ainda houve o embaixador argentino dando declarações que defendia o desrespeito o regulamento.
E assim foi feito pela Conmebol para surpresa de ninguém. Pelo regulamento, o jogo deveria ter sido realizado no máximo 45 minutos depois do jogo, com tolerância de cinco minutos. A partida começou 1h30 depois do horário previsto. Mais, o time de Tucumán jogou com o uniforme trocado.
Relatados os fatos, é obvio que a culpa foi do próprio Tucumán que se programou para desrespeitar o regulamento. Não houve nenhum acaso ou acidente. Quando se ignora as regras, uma competição vira terra de ninguém onde tudo é possível. Isso em uma competição continental que tenta se modernizar e tentar diminuir o abismo para a Liga dos Campeões.
Desculpe, isso não é "cultura sul-americana", "história de Libertadores" ou "demonstração de raça". O nome real é zona. Se a desorganização, e a violência e a irresponsabilidades são culturais na competição sul-americana, não significa que tenham que se perpetuar. Tudo que é negativo em uma cultura deve ser aprimorado, evoluir. Exaltar a bagunça é aceitar o eterno esteriótipo do latino que não faz nada direito.
A Conmebol adota essa fórmula de campeonato desorganizado há anos. Prometeu modernizações e melhorias para tornar a Libertadores mais rentável, além de um licenciamento de clubes. Mas, se não fizer ao menos o básico de respeitar o regulamento, não adiantar só incrementar a embalagem. O heroísmo no futebol é para ser mostrado dentro de campo. Quando os obstáculos aos atletas crescem fora de campo, é só sinal de incompetência.
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