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Rodrigo Mattos

Fla-Flu justifica a luta dos clubes para ter suas torcidas no estádio

rodrigomattos

05/03/2017 18h20

Após uma semana de liminares na Justiça, o Fla-Flu justificou a luta dos clubes para que suas duas torcidas estivessem presentes no Engenhão: foi um jogo emocionante. A partida teve duas viradas, belos lances, coragem, falhas das duas equipes até ser vencida nos pênaltis pelo time tricolor.

O empate foi um resultado dessas reviravoltas na partida. A disputa de pênaltis com vitória do Fluminense premiou os quase 30 mil torcedores que compraram ingressos em apenas dois dias para assistir ao clássico. Assim, ficou a tradicional Taça Guanabara com o tricolor, o que vale pelo simbolismo, embora tenha pouco efeito para o Estadual.

De início, o Flamengo não exibiu a consistência defensiva de outras partidas. Arão e Rômulo não repetiram a proteção à defesa, e os laterais tinham dificuldade para marcar Richarlison e Wellington Silva, ambos em boa tarde.  Foi assim que, após um escanteio, Trauco e Pará erraram e Wellington encaixou uma arrancada preciosa de 70m para fazer o gol.

A reação rubro-negra veio com sua estrela Guerrero. Em dois cruzamentos na área, ele deu cabeçadas que desarticularam a defesa tricolor e permitiram os gols de Arão e Éverton. O recurso a bolas aéreas, aliás, foi uma tônica para o Flamengo que não conseguia entrar na defesa rival por baixo.

Mas o sistema defensivo rubro-negro continuou a apresentar erros gritantes. Depois do pênalti em mão de Guerrero, o Fluminense virou em um buraco na zaga rival, bem aproveitado pelo passe preciso de Wellington Silva. A arrancada de Lucas não foi acompanhada por Arão e ele ficou livre para completar para o gol.

Em vantagem, o time tricolor voltou mais recuado no segundo tempo, o que reduziu o ritmo da partida. As trocas de Zé Ricardo com as entradas de Berrío, Gabriel e Vizeu jogaram o Flamengo para a pressão com uma linha de quatro na frente.

Mesmo assim, o time teve dificuldade para criar lances de ataque, insistindo na bola aérea. O Flamengo foi salvo por Guerrero em uma tarde excepcional em que até gol de falta conseguiu marcar. Parecia que o Flamengo vivia melhor momento ao final do jogo.

Mas, na disputa de pênaltis, o Fluminense foi mais eficiente, assim como já tinha sido um pouco melhor com a bola rolando. O goleiro Júlio Cesar esteve sempre mais perto das bolas do que Muralha, que se mexia muito sem objetividade. As duas cobranças ruins de Rever e Vaz deram o título ao time tricolor. Méritos, no final, também a Abel Braga que montou um time de bom nível, com elenco menos estrelado do que o rival.

Como complemento feliz ao clássico, o Flamengo parabenizou o Fluminense pelo título. O respeito mútuo demonstrado pelas diretorias dos dois times durante a semana, inclusive brigando juntas pela torcida mista, pode não resolver o problema da violência, mas ajuda bastante. É hora de deixar de picuinhas de lado para que os torcedores enxerguem que é possível conviver com o rival.

Sobre o Autor

Nascido no Rio de Janeiro, em 1977, Rodrigo Mattos estudou jornalismo na UFRJ e Iniciou a carreira na sucursal carioca de “O Estado de S. Paulo” em 1999, já como repórter de Esporte. De lá, foi em 2001 para o diário Lance!, onde atuou como repórter e editor da coluna De Prima. Mudou-se para São Paulo para trabalhar na Folha de S. Paulo, de 2005 a 2012, ano em que se transferiu para o UOL. Juntamente com equipe da Folha, ganhou o Grande Prêmio Esso de Jornalismo 2012 e o Prêmio Embratel de Reportagem Esportiva 2012. Cobriu quatro Copas do Mundo e duas Olimpíadas.

Sobre o Blog

O objetivo desse blog é buscar informações exclusivas sobre clubes de futebol, Copa do Mundo e Olimpíada. Assim, pretende-se traçar um painel para além da história oficial de como é dirigido o esporte no Brasil e no mundo. Também se procurará trazer a esse espaço um olhar peculiar sobre personagens esportivas nacionais.