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Rodrigo Mattos

Delator diz que discutiu CIDs da Arena Corinthians com deputado e lhe pagou

rodrigomattos

13/04/2017 14h30

Em delação na operação Lava-Jato, o ex-executivo da Odebrecht Alencar Alexandrino afirmou ter discutido os CIDs (títulos de incentivo da prefeitura) para a Arena Corinthians com o deputado Vicente Cândido (PT-SP), que é diretor da CBF. Após essa aproximação, ele afirmou que contribuiu com dinheiro de R$ 50 mil de Caixa 2 para campanha eleitoral do deputado de 2010.

O vídeo do depoimento de Alencar Alexandrino, um dos articuladores do estádio corintiano na Odebrecht, está no site de "O Estado de São Paulo." Por conta dessa delação, o ministro do STF, Edson Fachin, determinou a abertura de inquérito contra o deputado.

Alexnadrino explicou que decidiu se aproximar de Cândido por conta da Arena Corinthians e a realização da abertura da Copa-2014. Citou o fato de o parlamentar ter envolvimento com futebol e ser próximo ao presidente da CBF, Marco Polo Del Nero. Mais, Cândido é diretor de assuntos internacionais da confederação. Veja no trecho abaixo:

"Mas daí em 2010, com o advento da Arena Corinthians, me aproximei dele porque Vicente Cándido sempre foi muito ligado a questões do futebol (…) Se não me equivoco, sei que é advogado, tem uma proximidade do presidente da CBF Marco Del Nero, Marco Polo Del Nero. Fui me aproximando dele na construção e no financiamento da Arena Corinthians. Tanto é que no financiamento da arena temos uma parte expressiva ligada à prefeitura. Começamos a ver como poderíamos elaborar isso de forma consequente, nas próprias CID. Foi uma aproximação com ele."

Em seguida, Alexandrino conta que Cândido o procurou para pedir uma doação eleitoral para a campanha: "Em 2010, por volta de setembro, ele me procurou e me solicitou, em encontro em SP, para que pudesse contribuir na campanha dele fazendo doações. Eu evoluiu isso internamente dentro do contexto das delações. Falei com o meu líder Benedicto Junior. Decidimos ajudá-lo dentro da nossa faixa para deputado federal."

Em seguida, completou como ocorreu a negociação na sede da Odebrecht, onde há registro da entrada do deputado, segundo o delator: "Como essa época nós ainda limitávamos o teto para doações legais, optamos por doações via Caixa 2. Ele concordou. Que me recordo que demos a quantidade de R$ 50 mil por Caixa 2."

Alexnadrino afirmou que não fez um pedido específico a Vicente Cândido pela doação ilegal. "Houve uma aproximação mútua por ele ser uma pessoa ligada a futebol, e pela arena Corinthians, questão da abertura da Copa do Mundo em São Paulo, todos esses desenvolvimentos."

O deputado Vicente Cândido não foi encontrado para comentar a delação. A CBF ainda não se pronunciou sobre o assunto.

 

Sobre o Autor

Nascido no Rio de Janeiro, em 1977, Rodrigo Mattos estudou jornalismo na UFRJ e Iniciou a carreira na sucursal carioca de “O Estado de S. Paulo” em 1999, já como repórter de Esporte. De lá, foi em 2001 para o diário Lance!, onde atuou como repórter e editor da coluna De Prima. Mudou-se para São Paulo para trabalhar na Folha de S. Paulo, de 2005 a 2012, ano em que se transferiu para o UOL. Juntamente com equipe da Folha, ganhou o Grande Prêmio Esso de Jornalismo 2012 e o Prêmio Embratel de Reportagem Esportiva 2012. Cobriu quatro Copas do Mundo e duas Olimpíadas.

Sobre o Blog

O objetivo desse blog é buscar informações exclusivas sobre clubes de futebol, Copa do Mundo e Olimpíada. Assim, pretende-se traçar um painel para além da história oficial de como é dirigido o esporte no Brasil e no mundo. Também se procurará trazer a esse espaço um olhar peculiar sobre personagens esportivas nacionais.