Virada rubro-negra marca vingança no Fla-Flu que demorou 22 anos
Há vinganças no futebol que demoram. Em uma rivalidade que já dura mais de um século: o Flamengo esperou 22 anos para se vingar do Fluminense pelo gol de barriga de Renato Gaúcho. E devolveu a derrota na final com uma virada suada, e com gols nos últimos minutos, como naquela decisão de 1995. Uma reviravolta que, diga-se, fez justiça ao domínio rubro-negro nas duas decisões.
A vantagem de empate do Flamengo se esvaiu tão cedo que foi como se não tivesse existido. Mais uma falha da defesa rubro-negra na bola permitiu o desvio no primeiro pau e a conclusão de Henrique Dourado para o gol. Seria um novo Fluminense nesta segunda final em relação ao dominado no primeiro jogo?
Bem, a postura tricolor era mais agressiva com marcação na saída de bola e mais presença na frente. Mas a verdade é que, logo em seguida, o Flamengo se tornou dominante como ocorrera no primeiro encontro. A armação escolhida por Zé Ricardo com Trauco no meio e Renê na lateral dava superioridade ao time rubro-negro tanto ao bloquear os ponteiros rivais quanto por ter três homens no setor esquerdo do ataque.
O Flamengo, no entanto, não era tão incisivo quanto no primeiro jogo, e nem a zaga do Fluminense era tão vacilante. Como resultado, o time tricolor manteve a vantagem na etapa apesar de ser ver ameaçado pelo menos em uma chance clara de Éverton.
De volta, as armações dos times eram iguais, mas o jogo mudou. Além da bola aérea, o Flamengo passou a se expor também aos contra-ataques tricolores. Wellington Silva e Richarlison tinham um espaço que antes não lhes era permitido, e o Fluminense voltou a desenvolver seu jogo de passes rápidos. A partir daí, a partida era mais aberta e equilibrada.
A arquibancada inflamava dos dois lados, com a predominância grande de presença rubro-negra, mas o gol não saía. E os dois técnicos procuraram novas soluções. Zé Ricardo tirou o Berrío, que não encontrava espaço para sua velocidade, e pôs Gabriel. Para compensar, buscou na arrancada de Rodinei, que dera certo contra a Católica, sua jogada incisiva pela direita. Abel Braga apostou em Maranhão para jogar o que Wellignton não conseguiu.
O ritmo frenético do início do segundo tempo cobrou seu preço e a velocidade reduziu-se. A aposta rubro-negra era nas triangulações para achar Guerrero. O peruano não era brilhante como nos dois últimos jogos, mas mantinha o seu alto padrão de atuações desse ano. Era dele o pivô que dava jogo ao Fla, mas lhe faltava espaço para a conclusão diante da boa marcação da zaga tricolor.
Até que, por uma das ironias do destino, a bola aérea que era mais perigosa na outra área rendeu o gol rubro-negro. Réver ganhou a disputa pelo alto, Diego Cavalieri rebateu e Guerrero meteu a bola para dentro. Na minha opinião, houve falta de Réver em Henrique ao subir no lance.
A poucos minutos do final do jogo, o gol rubro-negro foi praticamente uma morte súbita. Não restavam forças ao tricolor para reagir, o que ocorreu de forma atabalhoada na base de um abafa improdutivo. Duas arrancadas de Rodinei com a defesa rival aberta levaram à expulsão de Diego Cavalieri e depois ao gol da virada já com Orejuela embaixo das traves, e perdido.
A corrida de Rodinei para chegar ao último gol lembrou aquela de Renato Gaúcho, então rubro-negro, para fazer o gol decisivo sobre o Atlético-MG na semifinal do Brasileiro de 1987. Um lance que o rubro-negro poderá guardar na memória para substituir o de 1995, um capítulo a seu favor nesta que é a rivalidade mais tradicional do país.
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