Brasileiro é a única liga de elite do futebol sem patrocinador principal
O Brasileiro tornou-se a única liga de elite no futebol mundial sem um patrocinador principal. Isso ocorreu após a CBF e a Chevrolet não assinarem a renovação do contrato de naming rights do Brasileiro para 2017, como revelou o blog do Ohata. A explicação é o modelo de gestão da competição diferente do restante do mundo.
A confederação é responsável pela promoção e contratos de marketing da competição como o de naming rights. Enquanto isso, a Globo, detentora dos direitos de TV, vende placas de publicidade em volta do campo, após comprar esses direitos dos clubes. Neste edição de 2017, a comercialização está capenga como revelam os nomes de produtos da emissora nas placas, o que ocorre quando não vendem. A partir de 2019, serão os clubes os responsáveis por essa venda após acordo com a emissora.
Em comparação, o blog pesquisou e constatou que Premier League (Inglaterra), Bundesliga (Alemanha), La Liga (Espanha), Série A (Itália), Ligue 1 (França), Primeira Liga (Portugal) e MLS (EUA) contam com patrocinadoras principais. Ou são empresas que dão nome à competição – como Barclays e Tim – ou parceiros principais como a Hermes, na Alemanha.
Há ainda patrocinadores secundários: são 15 na Espanha, e 20 nos EUA. Competições continentais como Liga dos Campeões e Libertadores também têm patrocinadores, seja no nome ou em modelo similar.
A CBF não tem sequer um site especial para promover o Brasileiro. O que aparece na página da tabela do Nacional são os patrocinadores da própria confederação, como era o caso da Chevrolet. Em seu balanço, a entidade informou que 96% de seus patrocínios em 2016 é da seleção. Ou seja, foi arrecadado R$ 16 milhões de sobra com o restante que inclui o campeonato.
Outro empecilho para o naming rights do Brasileiro é que, ao contrário de todas as outras ligas, a Globo não fala o nome da competição. É política da empresa não mencionar nenhuma empresa que não seja sua anunciante, ou com quem tenha acordo comercial. Isso afeta bastante o valor desses direitos. Em outros lugares, o contrato de direitos de televisão envolve falar o nome dos campeonatos.
"Sim, afeta (não falar o nome da empresa), mas não é só esse o ponto. É mais amplo: tem toda uma ativação do patrocínio que tem que ser feita pelo organizador do campeonato", contou o consultor Pedro Daniel, da consultoria BDO. "Na Premier League, já estão mais avançados e devem até abrir mão do naming rights para dar força à marca da liga."
Antes da Chevrolet, a Petrobras já tinha dado o nome ao Brasileiro. Mas a empresa estatal, cujos ex-executivos se envolveram em um escândalo de corrupção, decidiu se desvincular de negócios com a CBF justamente por conta das acusações enfrentadas pelos dirigentes da entidade. Lembre-se que os diretores investigados da Petrobras estão fora, e o suspeito Marco Polo Del Nero continua na confederação.
A importância do aumento de patrocínios é que, no final das contas, esse dinheiro poderia ser revertido para os clubes participantes do campeonato. Em outros países, há uma liga para organizar e comercializar as competições, enquanto o Brasileiro depende da iniciativa da CBF (naming rights) e da Globo (placas). Procurada, a CBF informou que não responderia questões sobre o tema, limitando-se a nota que comunicou o fim do contrato com a Chevrolet.
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