Ordem da Fifa encareceu Mané Garrincha em R$ 20 mi e não teve efeito nenhum
Uma exigência da Fifa para antecipar o fim das obras encareceu o Mané Garrincha em R$ 20 milhões e não teve efeito prático nenhum. É o que mostra o relatório do Tribunal de Contas dos Distrito Federal que apura irregularidades no estádio. O projeto é cercado de tantas suspeitas que já levou à prisão dois ex-governadores do Distrito Federal, Agnelo Queiroz e José Roberto Arruda.
Desde 2010, o tribunal de contas fiscaliza a obra do Mané Garrincha, arena mais cara da Copa-2014, com custo de R$ 1,9 bilhão. O tamanho do prejuízo para os cofres públicos varia em cada avaliação: a Polícia Federal já falou em mais de R$ 900 milhões, a corte fiscal mencionou R$ 366 milhões e há processos em apuração sobre quanto será cobrado do consórcio de empreiteiras (Andrade Gutierrez e Via Engenharia) e de gestores públicos.
Em um dos processos no tribunal de contas, de junho de 2016, os auditores determinaram a tomada de contas especial após relatório apontar superfaturamento de R$ 67,8 milhões em itens de construção. Dentro desse documento, que tornou-se público, é possível constatar o papel da Fifa em aumentar o custo da obra, ainda que este valor não esteja sendo cobrado.
O relatório aponta que o cronograma inicial da obra era para que o Mané Garrincha fosse finalizado em julho de 2013. "No entanto, compromisso assumido posteriormente pelo GDF (Governo do Distrito Federal) com o governo federal e com a Fifa antecipou a conclusão para dezembro de 2012. Para isso, foi assinado o termo aditivo "H" e foram acrescidos gastos de aproximadamente R$ 20 milhões com serviços noturnos", contou o documento.
De fato, durante o ano de 2012, a Fifa pressionou para que os estádios estivessem prontos com seis meses de antecedência para a Copa das Confederações – era o prazo de compromisso inicial. Pressionados, governadores começaram a assinar aditivos com empreiteiras para turnos extras para cumprir a data. Isso porque era uma competição teste, e não a própria Copa do Mundo.
Pois bem, após o aditivo, a obra terminou no mesmo prazo previsto anteriormente, meio de 2013. Segundo o relatório do tribunal, uma análise de documentos "permitiu concluir que o Consórcio recebeu recursos para antecipar o prazo de entrega da obra, mas não cumpriu com esse acordo." Havia preparativos finais do Mané nas vésperas da Copa das Confederações.
Em sua defesa, as duas empreiteiras (Andrade Gutierrez e Via Engenharia) e Novacap, empresa do governo, afirmaram que o aditivo não era para antecipar o projeto, mas para incluir alterações exigidas pela Fifa e garantir o cronograma do contrato. Ou seja, na versão deles, pagaria-se mais para cumprir a data já prevista no contrato.
Ainda assim, o consórcio alega que a antecipação da obra teve impacto no aproveitamento de materiais de obras, o que aumentou o total final. Neste ponto, o tribunal aponta R$ 23 milhões de superfaturamento nos materiais por entender que a argumentação não procede. Só após a tomada de contas vai ser apurado o prejuízo.
Até agora, a investigação da Polícia Federal apontou que Agnelo Queiroz e José Roberto Arruda favoreceram a Andrade Gutierrez e Via Engenharia com a fraude da licitação e por medidas tomadas na realização da obra. A apuração se iniciou em delação de ex-executivos da Andrade Gutierrez que revelaram um cartel de empreiteiras na maioria dos estádios da Copa-2014.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.