Punição ao Vasco indica STJD mais brando contra violência
O STJD determinou uma perda de seis mandos de campo para o Vasco pela confusão no jogo contra o Flamengo, em que houve briga em toda a arquibancada, bombas e ameaça a jornalistas. Outros conflitos generalizados em jogos do Brasileiro provocaram penas bem mais duras do tribunal no passado.
O julgamento do caso vascaíno durou quase quatro horas, sendo que mais de uma hora foi exclusivamente para exibir cenas do confronto. Foi possível ver a briga iniciada pela torcida na arquibancada do Vasco, a tentativa de invasão do campo, o arremesso de bombas, a reação da PM com gás lacrimogêneo que atingiu o público, a saída de jogadores do Flamengo debaixo de ataque e as depredações do estádio.
Na 1ª comissão do STJD, o relator do caso Gustavo Pinheiro votou por apenas quatro jogos sem torcedores na arquibancada e permissão de vascaínos na social de São Januário. Ex-diretor jurídico vascaíno, na gestão de Roberto Dinamite até 2014, ele culpou praticamente só a PM pela confusão, acolhendo tese da defesa do clube. "O agravamento do caso se deu por causa da polícia", explicou.
A auditora Michele Ramalho não concordou porque entendeu que é inadmissível uma torcida jogar bomba. Deu perda de seis mandos de campo. O presidente da comissão Lucas Rocha concordou e analisou: "É difícil verificar algo mais grave a não ser que fosse uma batalha campal." Mas, após falar em oito perdas de mando, recuou para o número de seis jogos. A sanção pedida pela procuradoria era até 25.
Para efeito de comparação, em 2013, o próprio Vasco perdeu mando de oito jogos na primeira instância pela briga generalizada diante do Atlético-PR, punição que caiu para seis no pleno do STJD, tradicionalmente mais brando. Mandante daquele jogo, o Atlético-PR pegou gancho de 12 jogos que caiu para nove no segundo julgamento. Em ambos os casos, ainda havia partidas com portões fechados. Aquela briga atingiu toda a arquibancada, mas não os jogadores.
Naquele mesmo ano, o conflito entre vascaínos e corintianos no Mané Garrincha gerou quatro perdas de mando para cada um dos clubes. Foi uma briga de grandes proporções, mas sem bombas ou arremessos no campo. Em 2010, o Coritiba chegou a sofrer uma punição de 30 partidas pelo STJD, após torcedores invadirem o campo para bater em jogadores pelo rebaixamento do time em jogo contra o Fluminense. No ano seguinte, a segunda instância do tribunal reduziu para 10 jogos.
Mas, em 2015, a briga em campo e na arquibancada de torcedores de Ceará e Fortaleza já tinha uma certa queda da severidade do tribunal. O Ceará pegou sete jogos, reduzidos para cinco no STJD. E o Fotaleza ficou com sete partidas de pena.
No Brasileiro 2016, Corinthians, Palmeiras e Flamengo tiveram punições parciais nos setores de suas organizadas por brigas progatonizadas por essas. No caso corintiano, em que o conflito com a PM foi maior no Maracanã, foram cinco jogos como mandante, e cinco como visitante. São casos menos graves do que o vascaíno, ressalte-se, porque não envolveram toda a arquibancada, nem houve bombas e ameaça a jogadores.
Questionado pelo blog, o presidente da comissão Lucas Rocha defendeu que a perda de seis mandos para o Vasco é severa, e lembrou que já houve casos piores. "Considerei muito grave e votaria por punição mais severa, mas decidi acompanhar a auditora. A punição máxima seria dez jogos. Punição tem que ser pedagógica", disse ele. Antes do julgamento de segunda-feira, o Vasco já tinha sido absolvido, em duas instâncias, pela briga no meio da arquibancada no jogo com o Corinthians.
Os advogados do Vasco e seu presidente Eurico Miranda defendem que o clube não teve responsabilidade na confusão, atribuindo a culpa à atuação da Polícia Militar e movimentos de oposição por incitar confusão. "Ela (PM) foi causadora da tragéria. Como joga bomba de gás lagrimogêneo indiscriminadamente na torcida? Um jogou bomba e falou : "Mandamos mais uma no Chiqueirão"", afirmou Eurico, que negou relação com organizadas que causaram briga. "Mentira, mentira. Não tem relação nenhuma."
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