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Rodrigo Mattos

Los Angeles receberá quase R$ 1 bilhão a mais do COI do que Rio

rodrigomattos

01/08/2017 12h00

Com o anúncio de que Los Angeles será sede da Olimpíada-2028, o COI (Comitê Olímpico Internacional) confirmou que contribuirá com US$ 1,8 bilhão (R$ 5,6 bilhões) para a organização dos jogos nos EUA. O valor é quase R$ 1 bilhão superior à contribuição dada pelo mesmo comité ao Rio para realizar os Jogos-2016. Mas a diferença deve ser muito maior já que o comitê internacional cedeu direitos à cidade norte-americana que não foram dados ao Rio.

O mundo olímpico vive uma situação diferente em 2017 em relação a 2009 quando a Olimpíada foi dada ao Rio. Há maior questionamento dos benefícios da competição e pressão para que o COI aumente o valor dado às cidades-sedes, fora que a concorrência por ser sede não é mais acirrada.

O COI aumentou o repasse para Los Angeles como parte de um acordo para que abrisse mão de 2024 em favor de Paris e aceitasse adiar sua competição. O comitê da cidade californiana informou que só aceitaria o adiamento se houvesse um incremento do aporte já que teria de sustentar uma organização por 11 anos, e não pelos sete normais.

"Em comparação com os contratos de cidade-sede de 2024, o COI vai fazer duas mudanças: o COI vai avançar nos fundos para o comitê oganizador de Lopes Angeles em uma visão de planejamento de um período mais longo e para aumentar a participação e o acesso de esportes de juventude no programa da cidade de Los Angeles nos anos até os Jogos", informou o comitê internacional.

O contrato entre o COI e Los Angeles prevê a contribuição de US$ 1,8 bilhão, dos quais US$ 160 milhões têm que ser investidos em projetos para esporte na juventude. Além disso, está previsto pela cláusula sétima que o COI dê outras contribuições, além de direitos e outros benefícios para o comitê organizador.

Está estabelecido também que o comitê norte-americano terá direitos sobre todo o programa de marketing internacional dos jogos (receitas e serviços) e os ingressos. No total, isso deve render outros US$ 437 milhões a Los Angeles, segundo estimativa do contrato.

Em comparação, o contrato do Rio previa que a cidade teria 92,5% dos direitos de marketing dos Jogos e o mesmo percentual em relação à venda dos ingressos. Ao contrário de Los Angeles, não havia determinação de valor específico de contribuição para a cidade carioca. Ao final, ficou previsto que seriam repassados Us$ 1,1 bilhão (R$ 3,4 bilhões) ao Rio pelo orçamento.

Mas houve um buraco orçamentário no comité organizador carioca que tem dívidas até agora um ano após os Jogos. Com isso, houve um aporte extra em torno de US$ 400 milhões – há uma discussão sobre o valor real desse acréscimo. No total, foram US$ 1,5 bilhão (R$ 4,7 bilhões).

O comitê organizador continua com dívidas não pagas – o valor do final do ano era R$ 132 milhões – e o COI não sinalizou com novos aportes. Por isso, o comitê tenta dinheiro público com o governo federal e a prefeitura.

Como se percebe pelos termos do contrato, o comitê internacional foi bem mais generoso nas condições dadas à cidade norte-americana do que em relação à brasileira. Isso ficou demonstrado em reunião recente em Lausanne, Suíça, em discurso do presidente do COI, Thomas Bach. Ele ressaltou a todo o momento o quanto o COI se mostraria flexível nas negociações para atender às novas cidades-sedes.

 

Sobre o Autor

Nascido no Rio de Janeiro, em 1977, Rodrigo Mattos estudou jornalismo na UFRJ e Iniciou a carreira na sucursal carioca de “O Estado de S. Paulo” em 1999, já como repórter de Esporte. De lá, foi em 2001 para o diário Lance!, onde atuou como repórter e editor da coluna De Prima. Mudou-se para São Paulo para trabalhar na Folha de S. Paulo, de 2005 a 2012, ano em que se transferiu para o UOL. Juntamente com equipe da Folha, ganhou o Grande Prêmio Esso de Jornalismo 2012 e o Prêmio Embratel de Reportagem Esportiva 2012. Cobriu quatro Copas do Mundo e duas Olimpíadas.

Sobre o Blog

O objetivo desse blog é buscar informações exclusivas sobre clubes de futebol, Copa do Mundo e Olimpíada. Assim, pretende-se traçar um painel para além da história oficial de como é dirigido o esporte no Brasil e no mundo. Também se procurará trazer a esse espaço um olhar peculiar sobre personagens esportivas nacionais.