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Rodrigo Mattos

Sobra ao Palmeiras a ousadia que falta ao Corinthians

rodrigomattos

31/10/2017 04h00

Impossível dizer se a arrancada palmeirense será suficiente para uma virada sobre o Corinthians no Brasileiro. O histórico do campeonato indica ser difícil tirar cinco pontos a nove rodadas do time e o time alviverde ainda não parece regular o suficiente para atropelar. Mas é certo que lhe sobra a ousadia que falta aos corintianos na competição.

Foi o que se viu no empate diante do Cruzeiro. O projeto de time idealizado por Alberto Valetim é de atuar avançado, pressionando o adversário em seu campo, com aproximação dos atacantes em troca de passes, e bola rodando no chão. Bem diferente do jogo de espera que predomina no Brasileiro, ou da transição direta que Cuca gostava e com a qual foi campeão em 2016.

Não é, no entanto, um projeto fácil de ser implantando, ainda que o Palmeiras tenha jogadores talentosos. É só ver os buracos na defesa que permitiram ao Cruzeiro fazer dois gols (um deles contra). A equipe de Mano Menezes é muito mais pronta, com seu estilo de jogo consolidado de defesa bem postada em duas linhas e saída rápida de contra-ataque.

Ainda assim, foi o Palmeiras que se impôs nos 60 minutos iniciais do jogo. Com a aproximação constante dos jogadores, criou quase sempre com a bola pelo chão e a proximidade dos companheiros favorece o jogo de Borja. Não é à toa que ele reviveu com três gols neste jogo, um deles mal anulado na cabeçada (lance discutível com Manuel, mas em que talvez a melhor solução fosse mesmo ignorar o empurra empurra de disputa de espaço).

Em desvantagem, o Palmeiras se desorganizou e trocou a bola de pé em pé por mais lances pelo alto, principalmente quando Deyverson entrou em campo. Foi na vontade e na pressão que empatou. Feitas as contas de quanto lances reais de conclusão teve, a vitória teria sido merecida.

Enfim, a ideia de jogo de Valentim é promissora. Mas talvez não esteja pronta neste ano, nesta reta final. Um time exposto é tudo que o Corinthians gosta e pode aproveitar no clássico decisivo. Não resta outra alternativa ao Palmeiras além de ser ousado, como diferencial ao seu rival em vantagem e que faz da cautela sua virtude.

No mínimo, o alviverde torna o campeonato interessante até domingo e se projeta para 2018. Se der certo, consegue uma virada histórica.

Sobre o Autor

Nascido no Rio de Janeiro, em 1977, Rodrigo Mattos estudou jornalismo na UFRJ e Iniciou a carreira na sucursal carioca de “O Estado de S. Paulo” em 1999, já como repórter de Esporte. De lá, foi em 2001 para o diário Lance!, onde atuou como repórter e editor da coluna De Prima. Mudou-se para São Paulo para trabalhar na Folha de S. Paulo, de 2005 a 2012, ano em que se transferiu para o UOL. Juntamente com equipe da Folha, ganhou o Grande Prêmio Esso de Jornalismo 2012 e o Prêmio Embratel de Reportagem Esportiva 2012. Cobriu quatro Copas do Mundo e duas Olimpíadas.

Sobre o Blog

O objetivo desse blog é buscar informações exclusivas sobre clubes de futebol, Copa do Mundo e Olimpíada. Assim, pretende-se traçar um painel para além da história oficial de como é dirigido o esporte no Brasil e no mundo. Também se procurará trazer a esse espaço um olhar peculiar sobre personagens esportivas nacionais.