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Rodrigo Mattos

Fla é fiel à 'sua história' para virar sobre Flu

rodrigomattos

02/11/2017 05h00

Ao descrever a reação sobre o Fluminense, pela Sul-Americana, o técnico Reinaldo Rueda observou que o "Flamengo foi fiel à sua história". Falava da luta rubro-negra em campo. A explicação da classificação do time dele, de fato, é muito menos uma questão lógica do que uma dessas viradas surgidas das profundezas dos estádios.

Do lado tricolor, o recuo excessivo levou a um empate derrotado em um jogo em que esteve mais perto do triunfo quase o tempo inteiro. Se sobrou ao Flu inteligência ao explorar falhas do rival no início, lhe faltou a estratégia de se jogar até o fim e de não se acomodar.

Vejamos a trajetória do jogo do início. Ao contrário do primeiro confronto, o técnico Abel Braga adiantou seu time desde o princípio, marcando o Fla em seu campo e explorando as falhas rivais. Deu certo e o time abriu o placar logo no início na Avenida Miguel Traucco onde Lucas desfilou.

O empate rubro-negro foi construído por seus talentos, Everton Riberto e Diego, mas era um ponto fora da curva em um confronto em que quem jogava era o Fluminense. O gol que deu vantagem ao tricolor com Renato Chaves, superando Arão, era só consequência disso. E assim foi no terceiro tento com o mesmo Chaves, o mesmo Arão, já no segundo tempo.

Houve a partir dali algo, uma transformação. Sim, a substituição de Rueda de Traucco por Vinicius Jr. ajudou ao avançar seu time e injetar ali um atacante veloz e talentoso. Mas, mais do que isso, houve um recuo tricolor, como quem ignora que Fla-Flu não se ganha de véspera, como quem espera o fim.

Não é uma boa ideia recuar diante de um Flamengo, desorganizado, mas lutador e contando com maioria na arquibancada. Um gol de Vizeu após magistral passe de Everton Ribeiro, improvável pois até ali o centroavante nem chegara nas bolas, e o clima do estádio mudou. A partir daí, seria pressão.

Rueda fez o que lhe cabia e jogou seu time com coração para frente. E aí, diga-se, a torcida do Flamengo pode reclamar de muita coisa do seu time atual, mas não pode reclamar de falta de luta. Os jogadores que estiveram ali foram muito Flamengo para empatar.

E o imponderável estava ali, sempre ao lado rubro-negro, abandonando o tricolor. Pois quando Rueda decidiu tirar um volante para botar Paquetá, os rubro-negros clamavam: "Tire Arão, ele está cansando." Mas quem saiu foi Cuellar e restou a Arão se redimir.

Os minutos restantes foram só sofrimento para o Tricolor lamentando ainda em campo a perda da vaga que se esvaia pelas mãos. A imagem que ficou foi de seus jogadores batidos por arrancadas de Vinicius Jr. que jogava um Fla-Flu como quem está no quintal de casa do alto dos seus 17 anos. O Flamengo não encontrou seu futebol, mas achou "a sua história" em um jogo pelo menos.

 

 

Sobre o Autor

Nascido no Rio de Janeiro, em 1977, Rodrigo Mattos estudou jornalismo na UFRJ e Iniciou a carreira na sucursal carioca de “O Estado de S. Paulo” em 1999, já como repórter de Esporte. De lá, foi em 2001 para o diário Lance!, onde atuou como repórter e editor da coluna De Prima. Mudou-se para São Paulo para trabalhar na Folha de S. Paulo, de 2005 a 2012, ano em que se transferiu para o UOL. Juntamente com equipe da Folha, ganhou o Grande Prêmio Esso de Jornalismo 2012 e o Prêmio Embratel de Reportagem Esportiva 2012. Cobriu quatro Copas do Mundo e duas Olimpíadas.

Sobre o Blog

O objetivo desse blog é buscar informações exclusivas sobre clubes de futebol, Copa do Mundo e Olimpíada. Assim, pretende-se traçar um painel para além da história oficial de como é dirigido o esporte no Brasil e no mundo. Também se procurará trazer a esse espaço um olhar peculiar sobre personagens esportivas nacionais.