Como operação da PF reforçou com documentos delação contra Del Nero
Apesar de o caso Fifa se desenrolar todo na Justiça dos EUA, foi uma operação da Polícia Federal e do Ministério Público federal em 2015 que apreendeu os primeiros documentos que reforçam as delações de corrupção contra dirigentes da CBF. São anotações supostamente de Kléber Leite, dono da Klefer e ex-presidente do Flamengo, com valores que seriam de subornos pagos a Ricardo Teixeira, José Maria Marin e Marco Polo Del Nero. Foram pegas no escritório da Klefer no Rio de Janeiro
Nesta semana, o empresário José Hawilla, que era sócio de Leite em contratos na CBF, deu depoimento na Justiça dos EUA. Em suas declarações, afirmou ter pago propinas aos cartolas por contratos da Copa América e da Copa do Brasil, juntamente com Leite. O ex-dirigente do Flamengo nega qualquer irregularidade por nota (veja abaixo).
Pelo primeiro torneio, foram pagos US$ 3 milhões na assinatura do contrato, e outros US$ 3 milhões na realização da competição. Pela Copa do Brasil, foram pagos R$ 1,5 milhão para os três dirigentes.
Pois bem, nesta semana, a Justiça dos EUA tornou públicas as anotações apreendidas no cofre de Kléber Leite na operação da PF e do Ministério Público Federal, em maio de 2015, juntamente com a prisão de José Maria Marin. Isso ocorreu graças à cooperação com a Justiça dos EUA. Os documentos foram divulgados primeiro pelo Globo.com, e depois confirmados pelo UOL. Aqui estão as anotações:
"Copa America
Parties: Full Play – Traffic – Torneos
Period 2015-2013
MPM US$3M for each CA played + US$3 M for contract signing
Copa do Brasil
Parties: Klefer Period: 2013-2022
MPM: R$ 1M per year"
Segundo os procuradores norte-americanos, a inscrição "MPM" significa Marco Polo e Marin. As anotações, portanto, conferem com os valores das delações. Um procurador federal brasileiro testemunhou comprovando que as anotações foram apreendidas em cofre na sede da empresa de Kléber Leite.
Além disso, J. Hawilla gravou conversas com Kléber Leite. Nesses diálogos, os dois aparecem discutindo supostamente propinas a favor dos cartolas. Hawilla pergunta se os pagamentos foram feitos por Leite aos dirigentes da CBF, e recebe resposta positiva. Em dúvida sobre os valores, Kléber Leite afirma no diálogo que tem tudo anotado em seu cofre. Pois foi justamente do cofre que foram retiradas as anotações.
Del Nero já negou repetidamente ter recebido propinas, assim como Teixeira. O presidente da CBF diz que não assinou os contratos tratados nas acusações nos EUA. Marin se declara inocente na corte de Nova York.
A Klefer soltou uma nota negando ter feitos pagamentos e a veracidade dos diálogos apresentados. Aqui o trecho que trata das acusações feitas por Hawilla. Em seguida, a empresa, questiona a sanidade mental do delator e afirma que tomará medidas judiciais cabíveis sobre as acusações.
"1- Quem detinha os direitos e desenvolvia a Copa do Brasil até 2014 era a Traffic. Desta forma, é mais do que óbvio que se alguma ilegalidade foi cometida, só pode ter sido pela Traffic.
2. Não reconhecemos e repudiamos as transcrições das alegadas gravações apresentadas. O delator José Hawilla, com finalidade única de buscar benefício pessoal para sua família junto às autoridades norte-americanas tentou produzir provas em conversas telefônicas, em diálogo completamente diferente do que foi transcrito. Os diálogos apresentados são mentirosos.
3- É mentirosa e irresponsável a denúncia do réus confesso José Hawilla dando conta de que a quantia de quatrocentos e cinquenta mil dólares, encaminhada pela Traffic à Klefer, tinha como destino o pagamento de propina. A verdade, com documentos em poder das duas empresas, éàe que tais valores são provenientes de obrigações contratuais firmados entre Klefer Produções e Promoções LTDA e Traffic Assessoria e Comunicações."
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