E-mails, cartão de viagem e reuniões: provas que Fifa usa contra Del Nero
Aos aliados, o presidente afastado da CBF, Marco Polo Del Nero, tem dito que a suspensão que a Fifa lhe impôs foi só baseada em delações e que não há prova de corrupção contra ele. Mas a comissão da entidade anexou documentos obtidos com a Justiça dos EUA como e-mails, cartão de milhagem, monitoramento de viagens, bilhete e atas de reuniões para embasar as acusações contra o dirigente, segundo o blog apurou.
No processo do caso Fifa, Del Nero foi acusado de receber US$ 6,5 milhões em propinas por contratos da CBF e Conmebol na versão de três delatores que trabalhavam para empresas de marketing esportivo. Não foi julgado porque não foi aos EUA.
A Justiça norte-americana tornou pública a lista de 1.300 documentos ou fotos usados como prova nos processos contra cartolas. Em relação ao presidente afastado da CBF, está como evidência dados de "border crossing" (cruzamento de fronteiras), cartão de milhagem da American Airlines e registro de voos da empresas. Ou seja, o FBI monitorou as viagens do cartola retroativamente para perceber onde ele estava.
Essa informação demonstra que Del Nero tem razão de não viajar com medo de ser detido. Afinal, seus passos vinham sendo seguidos pela polícia norte-americana. Além disso, serve para saber se ele esteve nos lugares mencionados nas delações.
Por exemplo, o ex-executivo da Torneos Alejandro Burzaco alega ter combinado de pagar propina a Del Nero em Assunção, em reunião da Conmebol. Além do monitoramento das viagens, há listadas como provas diversas minutas e atas de encontros da confederação sul-americana, sendo que consta o nome do dirigente neles como participante.
Para confirmar sua presença nos eventos, o FBI ainda obteve e-mails de Eladio Rodriguez, ex-executivo da Torneos, em que ele trata da presença de Del Nero nos encontros. Rodriguez era ainda responsável pelos pagamentos da Conmebol e há diversos dos e-mails listados como evidências contra José Maria Marin, que teria recebido juntamente com Del Nero. Há ainda e-mails de Alexandre Silveira, ex-funcionário da CBF, que aparece como intermediador de uma conversa com Ricardo Teixeira.
Esses documentos teoricamente derrubam a tese da defesa de Del Nero de que não tinham nenhuma atuação no poder da Conmebol antes de 2015. Assim, reforça-se a suspeita de ele levou propina pelo contrato da Copa América, como revelaram os ex-executivos Burzaco e J. Hawilla em suas delações. Há ainda um bilhete do dirigente da Klefer, Kléber Leite, que supostamente relata propinas.
Na lista das evidências da Justiça dos EUA, há também contratos da CBF relacionados à Copa do Brasil e até a amistosos da seleção, que teoricamente não entraram nas acusações.
Foram essas as bases do Comitê Ética da Fifa para defender que Del Nero quebrou o código da entidade ao levar comissões indevidas. Assim, o suspendeu provisoriamente por 90 dias.
A defesa do cartola entende que não há evidências de que o dirigente recebeu dinheiro porque não ficou demonstrada uma transferência em seu favor. Em nota, mencionou o fato de o FBI não ter encontrado essas provas, e chamou as acusações de graciosas especulações.
Advogados de Del Nero devem recorrer à suspensão provisória assim que receberem o teor da decisão, o que não ocorreu. É possível que isso só acontecerá em 2018. Além disso, vão responder o teor dos documentos obtidos pela Fifa com a Justiça dos EUA.
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