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Rodrigo Mattos

Suspenso e de fora da CBF, Del Nero articula para manter apoio de aliados

rodrigomattos

20/12/2017 04h00

Suspenso pela Fifa por suspeita de corrupção, o presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, articula para manter o apoio de aliados enquanto tenta se defender no inquérito na entidade internacional. O problema para ele é o cenário de incerteza que o cerca com forte possibilidade de banimento. Além disso, ele não pode frequentar a CBF e ter a caneta para dar benesses.

O Comitê de Ética da Fifa suspendeu Del Nero de forma provisória por 90 dias por quebrar o código da entidade. Baseou-se em documentos e delações da Justiça dos EUA que indicam que o cartola recebeu pagamento de propinas por contratos da Conmebol e da CBF, todos revelados durante julgamento.

Depois disso, Del Nero emitiu uma nota oficial negando ter se beneficiado. Logo em seguida, o dirigente usou um grupo de aplicativo de telefone que reúne quase todos os dirigentes de federações para se defender. No grupo, ele colocou a nota oficial em que dá sua posição de inocente.

Em seguida, afirmou que iria se recuperar e provar sua inocência, comparando o caso com uma suspensão que sofreu do STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva) ainda quando presidente da FPF (Federação Paulista de Futebol). Na ocasião, em 2009, ele foi acusado de interferir na arbitragem do Brasileiro no chamado caso Madonna, quando o então árbitro Wagner Tardelli denunciou que tinha recebido ingressos para shows do São Paulo na véspera de jogo decisivo do Nacional.

No grupo, a maioria dos dirigentes de federações mostraram apoio a Del Nero. Mas, publicamente, até agora só o presidente da Federação Pernambucana o apoio. E o presidente afastado da CBF não pode mais participar do dia a dia da CBF, já que foi orientado a não ir ao prédio ou tomar decisões administrativas para não descumprir a ordem da Fifa. Ou seja, perdeu a caneta.

A dificuldade de Del Nero é que aliados não têm confiança de que ele reverterá sua suspensão. Com Coronel Nunes no seu lugar de forma interina, Rogério Caboclo toca a administração da CBF. Mas o executivo não goza de simpatia entre dirigentes de federações porque nega pedidos feitos por eles.

Mais: se sofrer um banimento definitivo pela Fifa, Del Nero fica sem caneta e com atuação limitada para a sucessão. Há aposta entre certas federações, que, na prática, isso representaria sua perda definitiva de poder no futebol.

Sobre o Autor

Nascido no Rio de Janeiro, em 1977, Rodrigo Mattos estudou jornalismo na UFRJ e Iniciou a carreira na sucursal carioca de “O Estado de S. Paulo” em 1999, já como repórter de Esporte. De lá, foi em 2001 para o diário Lance!, onde atuou como repórter e editor da coluna De Prima. Mudou-se para São Paulo para trabalhar na Folha de S. Paulo, de 2005 a 2012, ano em que se transferiu para o UOL. Juntamente com equipe da Folha, ganhou o Grande Prêmio Esso de Jornalismo 2012 e o Prêmio Embratel de Reportagem Esportiva 2012. Cobriu quatro Copas do Mundo e duas Olimpíadas.

Sobre o Blog

O objetivo desse blog é buscar informações exclusivas sobre clubes de futebol, Copa do Mundo e Olimpíada. Assim, pretende-se traçar um painel para além da história oficial de como é dirigido o esporte no Brasil e no mundo. Também se procurará trazer a esse espaço um olhar peculiar sobre personagens esportivas nacionais.