Novo Mundial de clubes só fará sentido com limites para gigantes europeus
Há duas discussões paralelas dentro da Fifa que têm uma grande relação entre elas: mudanças no Mundial de Clubes e nas regras de transferências para jogadores. A renovação da competição de times da entidade só fará sentido se houver uma reforma no mercado de transações que limite o poderio dos gigantes europeus. Por enquanto, a cúpula da Fifa teve de recuar em relação ao novo Mundial justamente por pressão dos times do velho continente.
As duas discussão estão na mesa da Fifa, mas não tiveram nenhum avanço na reunião do Conselho da entidade em Bogotá. O "New York Times" revelou que o presidente da Fifa, Gianni Infantino, teve de desistir de definir seu novo Mundial agora após cartas da associação de clubes europeus e da Premier League, que o criticaram por tomar decisões sem ouvi-los. Também há resistência europeia a certas mudanças nas transferências.
É bem provável que os dois pontos fiquem para depois da Copa da Rússia-2018. Certo é que há urgência, e que não adianta resolver uma questão sem tratar da outra.
Primeiro, a Fifa percebeu que o Mundial de Clubes é pouco atrativo e gera déficit financeiro em seu formato atual. Neste modelo, deve acabar em 2018. A proposta é substitui-lo por um competição quadrienal com 24 equipes, boa parte delas europeia e sul-americana.
Neste cenário, haverá até competição entre equipes em vez da previsibilidade do Mundial atual. O problema é que domínio europeu permanecerá, com seus orçamentos gigantescos perto dos sul-americanos, e mais ainda dos outros continentes.
Uma busca de um maior equilíbrio – ainda que os europeus se mantenham favoritos – passa justamente pela discussão da janela de transferências. Infantino tem uma proposta de limitar o poderio financeiro dos gigantes europeus.
São três ideias principais: impedi-los de contratar grandes números de jogadores e reemprestá-los pelo mundo como uma reserva de mercado; criar tetos salariais com limitação percentual à receita ganha; e acabar com uma janela de transferências. Em paralelo, a Uefa também tem medidas para obrigar o uso da base e limitar o elenco a ser usado em competições.
Na outra ponta, a Fifa pensa em aumentar o ganho de clubes formadores nas transferências, o que incrementaria as receitas de times principalmente da América do Sul e da África. Assim, tiraria dinheiro que fica na Europa para dar a outros continentes. Isso poderia ser até feito de forma mais radical do que pensa a Fifa, dando 10% aos formadores (a entidade pensa em 7%) porque são eles que trabalham os atletas em seus inícios de carreira.
Obviamente essas medidas não seriam suficientes para igualar a disputa entre um time brasileiro e um Barcelona, por exemplo. E sofrerão bastante resistência dos supertimes europeus. Mas, associadas ao potencial de crescimento da Libertadores, poderiam ser eficientes para reduzir significativamente o abismo atual.
Lembre-se que há cerca de dez ou 15 anos era bem possível (ainda que fosse uma zebra) para um time sul-americano bater o campeão europeu. Agora, isso é tratado quase como um milagre. A Fifa não deve reprimir o livre mercado, mas tem obrigação de regulá-lo.
Se a Fifa de fato quer ter um Mundial de Clubes atrativo, precisa considerar essa questão do equilíbrio. Ou então é melhor acabar de vez com a competição e aceitar que os times europeus viraram uma espécie de NBA do futebol. Só que isso não é positivo para o desenvolvimento do futebol mundial.
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