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Rodrigo Mattos

VAR estreia em versão reduzida no Brasil e precisa baratear para expandir

rodrigomattos

01/08/2018 04h00

Após dois anos do início do projeto do árbitro de vídeo, a CBF vai estrear a tecnologia na Copa do Brasil em uma versão reduzida, um pouco diferente da que se viu na Copa do Mundo. A questão é financeira, e o projeto se inicia com o desafio de cortar custos e acertar a operação para emplacar o mecanismo em larga escala no país. De início, haverá VAR em 14 partidas na competição de mata-mata, sendo as duas primeiras Grêmio x Flamengo e Corinthians x Chapecoense.  Enquanto isso, o Brasileiro-2019 ainda tem uso da tecnologia incerto, dependendo dos valores e da disposição dos clubes de pagarem por isso.

Na Copa do Brasil, o custo do VAR será de R$ 50 mil por jogo, mesmo valor oferecido aos clubes em proposta para o Brasileiro-2018. Assim, a CBF gastará apenas R$ 700 mil com os 14 jogos, pagos para a empresa Broadcast, que fornecia serviços para a TV Globo como produtora de imagens.

Ela foi escolhida por meio de uma concorrência, mas não foi a que apresentou o menor preço entre as dez companhias que disputaram o serviço. A diretoria da confederação entendeu que era preciso contratar aquela que tivesse a maior capacidade técnica na sua avaliação, pois não poderiam ocorrer erros graves sob o risco de comprometer o projeto.

"O objetivo principal é mitigar riscos, porque previne os erros mais graves do futebol brasileiro. Não é tolerável um erro grave, por isso estamos investindo nesta ferramenta", afirmou o diretor de VAR da CBF, Ricardo Bretas.

Para o Brasileiro-2019, Bretas vai montar projetos com preços diferentes para tentar convencer os clubes a investir no VAR, até porque, novamente, a CBF não vai aceitar bancar a implantação do mecanismo. A ideia é apresentar projetos mais baratos com concorrência com outras operadoras.

Há questões operacionais que também serão examinadas, na prática, a partir de agora na Copa do Brasil. Para o torcedor que se acostumou com o recurso durante a Copa do Mundo, a versão nacional do VAR será um pouco diferente. Instruções básicas têm de ser iguais às aplicadas pela Fifa na Copa por conta do protocolo internacional, mas alguns detalhes não se repetirão. Veja ponto a ponto como funcionará o árbitro de vídeo no Brasil:

Quando será aplicado

O VAR será para lances capitais de gol, como impedimento, marcação de pênaltis, cartões vermelhos (incluindo ofensas) e identidade equivocada de um jogador que cometeu ato para expulsão. A tecnologia só será usada após o árbitro de campo ter tomado uma decisão. Pelo protocolo, só pode ser utilizado para erros claros, não para lances interpretativos.

Como será o procedimento

A consulta ao VAR pode ser feita de forma silenciosa pelo árbitro de vídeo que manda seguir se não houver irregularidade. Caso o árbitro de vídeo veja um problema, pode indicar a revisão da decisão do juiz de campo que também pode pedir para ver o lance. Neste caso, a revisão será feita em uma tela ao lado do campo, e o árbitro sinalizará para os torcedores. A revisão só pode ser feita se o jogo não tiver sido reiniciado.

Tempo de paralisação

A CBF instruiu seus árbitros a tomar o tempo necessário para fazer a revisão do lance, sendo mais importante acertar do que a demora para ter uma palavra final. Na Copa da Rússia-2018, a Fifa indicou que houve pouco tempo perdido com paralisações. A comissão de arbitragem da CBF estima paradas em 50 segundos e 1 minuto, mas admite que a paralisação pode se estender por mais tempo.

Quais imagens serão utilizadas

Cada jogo terá entre 14 e 16 câmeras disponíveis com imagens captadas pela TV Globo e pela Fox Sports. Pelo protocolo, as imagens têm que ser as mesmas vistas pelos torcedores e as emissoras não podem ter imagens que não sejam mostradas à confederação. A comissão de arbitragem da CBF orientou os juízes de VAR a olhar o máximo de ângulos possíveis, e não se fixar apenas na primeira percepção de uma câmera.

Gravação do VAR

Todas as ações e comunicações na sala do VAR serão gravadas pela CBF. Esse material será usado no caso de ataques a integridade da competição ou para educar árbitros. Mas o material não será disponibilizado para clubes que se sintam prejudicados por decisões do árbitro a não ser em casos excepcionais.

 

 

Sobre o Autor

Nascido no Rio de Janeiro, em 1977, Rodrigo Mattos estudou jornalismo na UFRJ e Iniciou a carreira na sucursal carioca de “O Estado de S. Paulo” em 1999, já como repórter de Esporte. De lá, foi em 2001 para o diário Lance!, onde atuou como repórter e editor da coluna De Prima. Mudou-se para São Paulo para trabalhar na Folha de S. Paulo, de 2005 a 2012, ano em que se transferiu para o UOL. Juntamente com equipe da Folha, ganhou o Grande Prêmio Esso de Jornalismo 2012 e o Prêmio Embratel de Reportagem Esportiva 2012. Cobriu quatro Copas do Mundo e duas Olimpíadas.

Sobre o Blog

O objetivo desse blog é buscar informações exclusivas sobre clubes de futebol, Copa do Mundo e Olimpíada. Assim, pretende-se traçar um painel para além da história oficial de como é dirigido o esporte no Brasil e no mundo. Também se procurará trazer a esse espaço um olhar peculiar sobre personagens esportivas nacionais.