Uma final com o drama sul-americano na Europa premia o River
O cenário era o Santiago Bernabéu, casa do time mais poderoso da Europa. Mas a cara da decisão era sul-americana: as duas torcidas cantavam muito mais do que fazem os espanhóis, havia a rivalidade histórica argentina maior do que as europeias e uma carga de dramaticidade típica do continente. Neste cenário, venceu o melhor time, o River Plate, com direito a um gol sem goleiro no final.
Lembremos antes todo o cenário que levou à final em Madri. As agressões de torcedores do River a jogadores do Boca Juniors impediram o jogo no Monumental de Nuñez em uma vergonha para o continente. Antes disso, o clube campeão protagonizou irregularidade com jogador que não podia estar em campo, Zucullini, e seu técnico Galhardo desrespeitou sua suspensão no jogo com o Grêmio.
Sim, isso mancha a conquista do River. Mas não nos tira a constatação de que venceu o melhor time do continente. Portanto, dentro de campo, o resultado refletiu quem tinha mais bola.
Não foi o que se viu, no entanto, no início do jogo. O River não conseguia impor seu jogo de posse de bola e triangulações, efetivo no primeiro jogo. Errava muitos passes.
Em compensação, o Boca era agressivo na marcação e na recuperação de bola, e veloz nos contra-ataques. Era melhor e podia ter aberto o placar já quando Nandez enfiou um passe longo, reto, em profundidade, para Benedetto. Com um corte seco, ele deixou só o zagueiro e tocou no canto.
Após o intervalo, o River Plate mudou. Sem Galhardo, suspenso, seu auxiliar colocou o colombiano Quintero em campo, enquanto do outro lado o Boca abria mão de Benedetto por Ábila. Foram movimentos decisivos para o resultado final.
Com o habilidoso meia em campo, no lugar do pouco produtivo Ponzio, o River passou a dominar as ações e encaixou o seu jogo. Foi uma tabela com participação de Quintero e Nacho Fernandez que resultou em conclusão de Pratto. O jogo era todo do River, o que se acentuou com a expulsão de Barrios.
A partir daí, já na prorrogação, era um bombardeio do River. Justo que o gol tenha saído pelos pés de Quintero, mais uma pintura. Após a tabela, ele enfiou a bola na gaveta para virar o jogo. Depois disso, restou o desespero ao Boca Juniors que até conseguiu meter uma bola na trave.
Mas, com seu goleiro Andrada jogando de atacante, sobrou a bola livre para Pity Martínez encerrar a Libertadores mais longa da história diante do gol vazio. Foi uma final que a organização da Conmebol não merecia, mas que o continente esperava que ocorresse quando os dois times chegaram à final.
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