Após incêndio, Fla está ameaçado de perder aprovação da CBF para base
O incêndio que matou 10 jovens jogadores no CT do Ninho do Urubu ameaça ter impacto ainda mais profundo na divisão de base do Flamengo. O clube tem que renovar o certificado de clube formador da CBF em abril e a entidade indicou que levará em conta as investigações sobre o caso. Mais, a agremiação rubro-negra está proibida de receber menores em suas dependências o que é exigido por lei para ter o documento.
A tragédia que matou 10 garotos ocorreu em alojamentos com estruturas provisórias no centro de treinamento rubro-negro na última sexta-feira. A divisão de base do Flamengo seria transferida para o módulo que era usado pelos profissionais em março. As categorias de base do clube têm sido altamente rentáveis com vendas de atletas como Paquetá e Vinicius Jr.
O Flamengo tem o certificado de clube formador A da CBF válido até 25 de abril de 2019 após ser tirado concedido em 2017. Apesar de ser obrigação da CBF fiscalizar para dar o aval, a confederação repassa a tarefa para a Ferj (Federação de Futebol do Rio de Janeiro). A entidade estadual informou que ainda não recebeu o pedido de certificação rubro-negro que correrá em processo novo, sem ser renovação.
Questionada se havia chance de o Flamengo perder o aval de formador, a confederação respondeu: "A CBF acompanha as investigações e aguarda a conclusão das autoridades. O certificado atual do Flamengo tem validade até 25 de abril do corrente ano."
A perda do certificado de clube formador complica clubes em relação à proteção contra assédio a jogadores de 14 a 16 anos. Explica-se: nesta idade, eles não podem assinar contratos e só o certificado de clube formador garante um vínculo entre clube e jogador. Neste caso, se outra agremiação levar o garoto, tem que indenizar o clube. Sem o certificado, não há garantia sobre os atletas dessa idade, nem sobre outros mais velhos sem contrato.
Entre as exigências para dar o certificado, a CBF lista critérios "técnicos, médicos, educacionais, desportivos e de infra-estrutura, conforme determinado pelas referidas normas." Embora esteja clara a fragilidade do sistema de certificação da confederação, feito por terceiros, o Flamengo está na berlinda após o incêndio.
Esses itens estão previstos na Lei Pelé. No artigo 29 da lei, está determinado que o clube é obrigado a "manter alojamento e instalações desportivas adequados, sobretudo em matéria de alimentação, higiene."
Na decisão judicial desta quinta-feira, que interditou o CT do Ninho do Urubu para crianças e adolescentes, apontou-se que o clube não atendeu todas as demandas de autoridades públicas, feitas antes e depois da tragédia.
"Assim, certo é que não se desincumbiu o Clube de Regatas do Flamengo de todas as suas obrigações, quer preconizadas do Estatuto da Criança e do Adolescente, quer nas legislações trabalhista, sanitária e de postura municipal, entre outras", diz a decisão.
No processo judicial, iniciado em 2015 pelo Ministério Público Estadual, o Flamengo usou justamente o certificado da Ferj e da CBF como justificativa para dizer que estava regular. Alegou "que as modificações foram ou estão sendo realizadas dentro de um cronograma de obras e de acordo com a disponibilidades financeira par investimento, tendo o clube passado por rigorosas avaliações da CBF e da Ferj".
O Ministério Público do Trabalho requisitou ao Flamengo documentos relacionados aos menores para ser entregue em 48 horas com prazo a partir de terça-feira. Caso isso não ocorra, pode ser estendido o prazo. O atendimento de demandas em documentos e estrutura é essencial para se permitir a reabertura do CT para menores.
O Flamengo não respondeu perguntas sobre o certificado enviadas pelo blog.
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