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Rodrigo Mattos

Futebol do Rio atinge seu nível mais bizarro com final de portões fechados

rodrigomattos

17/02/2019 04h00

Esse texto pode não fazer sentido daqui a algumas horas, ou alguns minutos, porque ninguém sabe o que pode acontecer no futebol do Rio. Nesta madrugada de domingo, por uma decisão da Justiça do Rio reivindicada pelo Fluminense, a final da Taça Guanabara será com portões fechados. O futebol carioca atinge seu momento mais bizarro independentemente se quando você estiver lendo esta decisão judicial já não mais valer – ninguém mais sabe o que vale ou não no Rio de Janeiro.

Vasco e Fluminense iniciaram desde sexta-feira, ou desde 2013, uma briga briga pelo setor Sul do Maracanã. O Vasco pelo direito histórico que tinha ao setor por ter vencido o campeonato da década de 50 (sim, havia uma época que as coisas eram conquistadas em campo), o Fluminense por um contrato.

A disputa parecia pacificada em favor do Fluminense quando o Vasco viu agora uma brecha contratual para retomar o setor que sempre foi seu. Isso aconteceu por uma mudança no contrato em 2016. O Vasco conseguiu e vendeu ingressos para o setor sul. E o Fluminense decidiu ir à Justiça para evitar.

Há um controvérsia contratual pela qual o Maracanã entende que pode ceder o lado para o Vasco quando este for mandante, e o Fluminense acredita no contrário. Veja o trecho do contrato que a Odebrecht disse justificar o direito vascaíno por criar uma exceção para os caso em que o outro clube for mandante.

"Nas partidas oficiais, contra quaisquer outros dos principais clubes do Rio de Janeiro, a torcida do FLUMINENSE acessará e se posicionará no setor Sul do Estádio (lado UERJ), em sua integralidade, através das entradas, acessos e rampas correspondentes e disponíveis para esse setor, salvo haja ordem expressa em sentido contrário por parte de: (i) Órgãos Públicos especificamente por questões de segurança; (ii) salvo acordo expresso entre o FLUMINENSE e a equipe visitante; e (iii) nos casos em que o FLUMINENSE for visitante, a CONCESSSIONÁRIA poderá, para fins comerciais, mediar acordo entre o FLUMINENSE e o clube mandante, resguardados os direitos do FLUMINENSE previstos neste contrato".

Fato é que para o Fluminense, se sua torcida não tinha direito ao setor Sul, ninguém deveria entrar no estádio. Parece coisa de riquinho dono da bola que quer parar a pelada quando é contrariado. E é isso mesmo. Pois bem, a Justiça aceitou o pedido tricolor de fechar o jogo por suposta ameaça a segurança. Sobre a questão contratual, o poder judiciário disse que há uma omissão sobre a situação atual, isto é, não definiu quem tem razão sobre o setor Sul.

Esperava-se que a decisão fosse revertida, mas o pedido do Vasco oi rejeitado. O dano ao jogo decisivo já está feito, e ninguém estará nas arquibancadas. O Campeonato Estadual do Rio atinge o auge da sua desmoralização. E desta vez nem é culpa da Federação do Rio porque foram os clubes que criaram essa situação.

PS: Na última decisão da Justiça, após pedido do Vasco, foi rejeitado que o jogo fosse aberto para torcidas e mantidos os portões fechados.

Sobre o Autor

Nascido no Rio de Janeiro, em 1977, Rodrigo Mattos estudou jornalismo na UFRJ e Iniciou a carreira na sucursal carioca de “O Estado de S. Paulo” em 1999, já como repórter de Esporte. De lá, foi em 2001 para o diário Lance!, onde atuou como repórter e editor da coluna De Prima. Mudou-se para São Paulo para trabalhar na Folha de S. Paulo, de 2005 a 2012, ano em que se transferiu para o UOL. Juntamente com equipe da Folha, ganhou o Grande Prêmio Esso de Jornalismo 2012 e o Prêmio Embratel de Reportagem Esportiva 2012. Cobriu quatro Copas do Mundo e duas Olimpíadas.

Sobre o Blog

O objetivo desse blog é buscar informações exclusivas sobre clubes de futebol, Copa do Mundo e Olimpíada. Assim, pretende-se traçar um painel para além da história oficial de como é dirigido o esporte no Brasil e no mundo. Também se procurará trazer a esse espaço um olhar peculiar sobre personagens esportivas nacionais.