Justiça ajuda Vasco e Fluminense a esculhambarem decisão no Rio
Sim, houve futebol no Maracanã com o título do Vasco. E houve também torcida em parte do tempo. O que não houve foi bom senso de nenhuma das partes envolvidas na organização da decisão da Taça Guanabara. Uma série de erros de Fluminense, da Justiça, do Vasco e da Ferj resultaram nas cenas deprimentes de um estádio vazio no início do jogo, enquanto a violência rolava solta do lado de fora.
Quem deu o passo inicial foi o Vasco ao se utilizar de uma brecha contratual para retomar o setor Sul. Havia de fato uma discussão já que o contrato do Fluminense com a Odebrecht, diga-se, é dúbio. De um lado dá ao Fluminense o setor quando for mandante. De outro, dá o direito de deslocar a torcida em caso de ser visitante (como nesta final) se houver acordo. Ou seja, para a situação posta em que não havia acordo, havia uma omissão como admitiu a Justiça.
Insatisfeito com perder a batalha, o presidente tricolor, Pedro Abad, foi à Justiça para pedir portões fechados, alegando uma suposta insegurança. Boicotava também sua torcida, um equívoco.
A desembargadora Lucia Helena do Passo aceitou fechar os portões. Era o segundo erro na série. Não faltam discussões e disputas entre dirigentes antes de clássicos e não é por isso que há brigas em todos desses jogos. A seguir a lógica da desembargadora, boa parte das partidas no Brasil seria sem público. Havia, aliás, a maior possibilidade de revolta dos torcedores pelo evento fechado.
Se a decisão judicial era um erro, isso não significava que devesse ser desrespeitada como decidiu fazer o Vasco. Depois de não conseguir derrubar a liminar, o presidente do clube, Alexandre Campello, disse que pagaria a multa de R$ 500 mil e chamou sua torcida para o estádio com aval da Ferj. Esse terceiro equívoco jogava uma multidão na porta de um estádio fechado. Surpreendentemente, a polícia militar garantiu a segurança a um evento que não podia ter público.
No quarto erro da série, a Justiça manteve a decisão e ocorreu o inevitável confronto entre torcedores que estavam nas portas e a polícia que tinha que cumprir a determinação judicial. Havia bombas, correria e crianças aos prantos, todo o cenário que se tenta evitar nos estádio. Estabelecida a confusão, a Justiça recuou e permitiu a entrada dos torcedores durante o primeiro tempo, o que ocorreu de forma atabalhoada.
Ao final, como a diretoria do Fluminense boicotou a ida de sua torcida, os vascaínos eram franca maioria quando torcedores ocuparam a arquibancada. Ou seja, o clube tricolor que reclamava de jogar no "setor visitante" se tornou visitante de fato ao ter uma torcida bem pequena. Abad foi hostilizado pelas duas torcidas.
O jogo foi fraco desde o início, especialmente quando o estádio estava vazio. Havia superioridade do Fluminense na posse de bola. Empurrado por sua torcida, o Vasco deu um blitz na defesa tricolor mais perto do final do jogo e conseguiu seu gol em uma cobrança de falta de longe de Danilo Barcelos. Pelo menos pôde se ver a torcida vascaína festejando no estádio depois do caos.
Enquanto isso, a Ferj postava frases no twitter classificando o Carioca como "o mais charmoso", "futebol raiz", "firme e forte" e "o mais visto". De fato, as cenas do Maracanã foram acompanhadas por todo o país, mas não pela beleza do espetáculo, e sim pela esculhambação que representaram.
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