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Rodrigo Mattos

Se não consegue pagar salários, Flu não deveria ter contratado Ganso

rodrigomattos

19/02/2019 19h21

Quando o Fluminense anunciou a contratação de Paulo Henrique Ganso, parecia um bom negócio para todas partes: o clube busca um armador para o esquema de Fernando Diniz, o jogador precisa de um recomeço de carreira. A notícia de que o jogadores tricolores entraram em greve por dois meses de atrasos salariais derruba essa tese. Um time não deveria contratar um atleta caro se nem arca com as despesas correntes.

A crise financeira do Fluminense não é de agora, e nem é fruto só da administração do presidente Pedro Abad. Sua gestão pegou um clube com uma dívida crescente por irresponsabilidade dos presidentes anteriores, e despesas maiores do que as receitas disponíveis.

O início de sua administração até indicou bons caminhos com um discurso de austeridade e uma contenção de custos. Mas a execução da política de corte de despesas não foi eficiente como mostra a dispensa de boa parte dos jogadores caros no final de 2017. Como não fechou acordos previamente, gerou insatisfações e cobranças.

A partir daí, o clube se arrastou em problemas de atrasos de salários, de pagamentos de despesas do Maracanã, de comissões, entre outros itens. Uma rápida olhada em sites da Justiça vai revelar algumas ações de cobrança contra o Fluminense.

Neste cenário, a diretoria decidiu ousar e contratar Ganso que certamente representa uma despesa considerável na folha salarial tricolor. Ora, qual o recado que se passa ao elenco tricolor: não temos dinheiro para paga-los, mas contratamos um jogador de renome internacional. Que tipo de compromisso é esse com seus empregados? Não por acaso os jogadores fizeram greve de um dia.

Um torcedor pode argumentar que todos os clubes brasileiros enfrentam problemas financeiros. Bem, primeiro, não é verdade já que alguns arrumaram a casa e não é e a maioria que atrasa salários. Segundo, isso não é justificativa para irresponsabilidade. Terceiro, a crise tricolor é das mais graves entre os grandes. Já passou da hora de uma regulação da CBF que não permita que clubes com dívidas com o próprio elenco possam contratar enquanto não resolverem contas básicas.

Sobre o Autor

Nascido no Rio de Janeiro, em 1977, Rodrigo Mattos estudou jornalismo na UFRJ e Iniciou a carreira na sucursal carioca de “O Estado de S. Paulo” em 1999, já como repórter de Esporte. De lá, foi em 2001 para o diário Lance!, onde atuou como repórter e editor da coluna De Prima. Mudou-se para São Paulo para trabalhar na Folha de S. Paulo, de 2005 a 2012, ano em que se transferiu para o UOL. Juntamente com equipe da Folha, ganhou o Grande Prêmio Esso de Jornalismo 2012 e o Prêmio Embratel de Reportagem Esportiva 2012. Cobriu quatro Copas do Mundo e duas Olimpíadas.

Sobre o Blog

O objetivo desse blog é buscar informações exclusivas sobre clubes de futebol, Copa do Mundo e Olimpíada. Assim, pretende-se traçar um painel para além da história oficial de como é dirigido o esporte no Brasil e no mundo. Também se procurará trazer a esse espaço um olhar peculiar sobre personagens esportivas nacionais.