Triunfo na estreia gera dilema para Abel: melhor Fla é o que ele não gosta
A vitória na estreia na Libertadores em Oruru mostra que, neste início de 2019, o melhor Flamengo é o Flamengo que ainda toca a bola, que tenta controlar o jogo, que respeita pelo menos em parte as características construídas nos últimos três anos. Um time diferente do arquitetado pelo seu próprio técnico Abel Braga que pretende ver a equipe vertical ao extremo, muitas vezes postada atrás e reativa ao adversário.
A diferença é perceptível na atuação rubro-negra nos dois tempos diante do San José, na Bolívia. Em uma metade, uma equipe que se defendia e tentava alongar bolas para correria de atacantes e, em outra metade, uma que articulava o jogo de forma minimamente organizado.
Ressalte-se que a vitória rubro-negra é fruto de grande contribuição do goleiro Diego Alves. O San José, time de limitados recursos técnicos, foi capaz de arrematar 14 vezes na meta rubro-negra, o dobro do time carioca. E estiveram quase iguais na posse de bola com leve vantagem para os bolivianos.
Como explicou em boa entrevista ao colega Mauro Cezar Pereira, Abel quer um Flamengo mais "reativo", que não rode a bola. Ora, tudo que os bolivianos queriam na altitude era um jogo lá e cá, correria, sem ninguém controlar a bola. Quem tem menos qualidade técnica prefere o jogo corrido em um campo ruim. E o Flamengo deu isso ao San José no início.
Contribuiu para superioridade boliviana no primeiro tempo a atuação apagada de Arrascaeta, mal encaixado mais à direita do campo. Além de Diego Alves, Rodrigo Caio, Léo Duarte e Cuellar se encarregaram de manter o empate com boas atuações porque, se houvesse gol, seria boliviano.
A troca de Arrascaeta por Éverton Ribeiro mudou o Flamengo. Mas não é culpa apenas da má atuação do uruguaio. Com Éverton Ribeiro e Diego, e um ponta a esquerda no caso Bruno Henrique, o Flamengo voltou à formação de 2018. Os jogadores já estão acostumados às funções, foram treinados por Barbieri e depois por Dorival Jr em que pese as mudanças como a saída de Paquetá.
As entradas de Bruno Henrique e Gabriel acrescentaram ganhos técnicos, tornaram o time mais incisivo. O desenho tático e as posições, no entanto, são bem parecidos. Encaixado, o Flamengo criou dois lances de gol e fez um deles, postou-se melhor e sofreu menos. Tornou-se um time que faz sentido.
Não se está aqui dizendo que o Flamengo foi brilhante no segundo tempo. Óbvio que não foi. Mas, em circunstâncias difíceis da altitude, era uma equipe competitiva para a Libertadores, tudo que não mostrara no início.
Essa atuação, assim como outras ocorridas neste início de temporada, gera um dilema para Abel Braga. Ele vai insistir em adaptar o Flamengo ao seu estilo de jogo de reação e velocidade pelas laterais? Ou pretende encontrar uma forma de respeitar a característica do elenco rubro-negro?
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