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Rodrigo Mattos

Odebrecht tem prejuízo no Maracanã mesmo com aumento de renda com Fla

rodrigomattos

21/03/2019 04h00

A Odebrecht teve um prejuízo de R$ 29 milhões na gestão do Maracanã em 2018 mesmo com aumento de 69% em sua receita. Os números obtidos pelo blog servem como indicativo para clubes e Ferj que estão interessados em participar da administração do estádio após o governo do Estado do Rio anunciar o rompimento da concessão. Ainda não foi definido quem será o gestor, embora exista uma preferência pela federação do rio.

No meio de 2018, a Odebrecht fechou um contrato de longo prazo com o Flamengo que voltou a jogar frequentemente no Maracanã. No total, a receita da empresa saltou de R$ 14 milhões em 2017 para R$ 23 milhões no ano passado.

Ainda assim, o prejuízo da Odebrecht no ano cresceu para R$ 29 milhões em 2018 enquanto foi de R$ 26 milhões no ano anterior. A explicação é por conta da manutenção, contabilização de depreciação do patrimônio do Maracanã e investimentos feitos no passado.

Operacionalmente, sem contar a manutenção que é obrigatória por contrato, o Maracanã fecharia no azul com as receitas que tem incluindo desde o futebol, a bebidas e comidas, e shows. Ou seja, a arrecadação da Odebrecht no estádio seria suficiente para pagar os principais custos fixos: energia, gramado, água, segurança patrimonial, limpeza e pessoal. Isso não inclui as operações de jogo, bancadas pelas bilheterias.

A questão principal é a manutenção do estádio. Já ouve avaliações que demonstraram que esse item gira entre R$ 30 milhões e R$ 50 milhões se for feito corretamente com todos os reparos, por exemplo, na cobertura, nos placares, etc. É obrigatório que a construtora registre contabilmente esse desgaste do estádio.

No total, a Odebrecht acumulou prejuízo de R$ 277 milhões nos cinco anos que operou o estádio desde 2013. No início, a empresa contava com uma equipe numerosa e chegou a ter um déficit de R$ 77 milhões no ano da Copa-2014. Depois, já com intenção de sair do estádio, a Odebrecht reduziu sua equipe.

Maior interessada na gestão do estádio, a diretoria do Flamengo ainda não tem um levantamento sobre a viabilidade financeira do estádio. "Não tem ainda um estudo profundo sobre isso. Sempre nos manifestamos com interesse na gestão", afirmou o vice-presidente de Comunicação, Gustavo Oliveira, que esteve reunido com o governo do Estado na última terça-feira.

Na administração anterior, de Eduardo Bandeira de Mello, tinha sido feito um levantamento que indicava que o estádio seria rentável desde que a licitação do governo atendesse certas condições.

Veja o ano a ano das receitas do Maracanã

2013 – Odebrecht assume Maracanã no meio do ano. Depois assina com Fluminense e com o Flamengo em outubro – R$ 18.626

2014 – Ano da Copa do Mundo com pagamento de aluguel pela Fifa, Flamengo e Fluminense jogam no estádio: R$ 44 milhões

2015 – Primeiro ano cheio de calendário de futebol com Flamengo e Fluminense jogando no estádio: R$ 60,6 milhões.

2016 – Estádio passa a maior parte do tempo fechado para preparação para a Olimpíada do Rio-2016. É reaberto para poucos jogos no final do ano: R$ 5,1 milhões

2017 – Fluminense continua a jogar no estádio, mas o Flamengo sai por preferir a Arena do Urubu: R$ 14,2 milhões

2018 – Flamengo volta ao estádio no meio do ano após novo acordo com Odebrecht e após sair da Arena da Ilha no início do ano: R$ 23,2 milhões

Sobre o Autor

Nascido no Rio de Janeiro, em 1977, Rodrigo Mattos estudou jornalismo na UFRJ e Iniciou a carreira na sucursal carioca de “O Estado de S. Paulo” em 1999, já como repórter de Esporte. De lá, foi em 2001 para o diário Lance!, onde atuou como repórter e editor da coluna De Prima. Mudou-se para São Paulo para trabalhar na Folha de S. Paulo, de 2005 a 2012, ano em que se transferiu para o UOL. Juntamente com equipe da Folha, ganhou o Grande Prêmio Esso de Jornalismo 2012 e o Prêmio Embratel de Reportagem Esportiva 2012. Cobriu quatro Copas do Mundo e duas Olimpíadas.

Sobre o Blog

O objetivo desse blog é buscar informações exclusivas sobre clubes de futebol, Copa do Mundo e Olimpíada. Assim, pretende-se traçar um painel para além da história oficial de como é dirigido o esporte no Brasil e no mundo. Também se procurará trazer a esse espaço um olhar peculiar sobre personagens esportivas nacionais.