Topo

Rodrigo Mattos

Fifa lucrou R$ 3,6 bi extras na Rússia-2018 em relação ao Brasil-2014

rodrigomattos

26/03/2019 04h00

A diretoria da Fifa está em campanha pelo aumento imediato da Copa do Mundo de 32 para 48 seleções porque terá um aumento de receitas com mais jogos e times. Só que os números financeiros da entidade mostram que a entidade já tem aumentado seus lucros no Mundial com o tamanho tradicional. A Fifa lucrou R$ 3,6 bilhões a mais na Copa da Rússia-2018 em relação ao que tinha ganho no Brasil-2014.

O relatório financeiro da entidade mundial do futebol foi revelado há cerca de 10 dias após reunião do seu conselho em Miami. O documento mostra que a Copa da Rússia gerou rendas maiores e foi mais cara para a Fifa em relação à edição brasileira. Isso ocorreu após a Fifa ter atravessado a maior crise da sua história com a queda do ex-presidente Joseph Blatter ao renunciar por acusações de corrupção.

No total, a federação internacional ganhou US$ 5,4 bilhões (R$ 20,6 bilhões) com o Mundial da Rússia-2018, com despesas de US$ 1,8 bilhão (R$ 7 bilhões). Ou seja, o lucro em terras russas foi de R$ 13,6 bilhões.

Em comparação, a Copa do Brasil, que já tinha sido a mais lucrativa da história da entidade, gerou uma sobra de US$ 2,6 bilhões (R$ 10 bilhões). A receita no país foi de US$ 4,8 bilhões (R$ 18,5 bilhões) e as despesas maiores, US$ 2,2 bilhões (R$ 8,5 bilhões).

Explica-se: o comitê organizador brasileiro, comandado pela CBF, consumiu mais dinheiro do que o russo. No total, foram US$ 453 milhões (R$ 1,7 bilhão) gastos no Brasil contra US$ 383 milhões (R$ 1,5 bilhão) na Rússia. Os russos ficaram bem abaixo do orçamento previsto o que se explica por cortes na equipe, e talvez pelo forte investimento estatal. O governo russo gastou mais dinheiro do que o brasileiro para fazer sua edição do Mundial.

Além disso, o aumento significativo de receitas ocorreu em televisão, patrocínio e licenciamento. No caso de Tvs e parceiros, o mercado asiático, especialmente o chinês, teve bastante peso já que empresas de lá assumiram postos-chave no apoio à Fifa. No caso do licenciamento, os videogames têm dado um empurrão nas finanças da Fifa.

Diante desse cenário, chama atenção a insistência do presidente da Fifa, Gianni Infantino, em inchar a Copa do Mundo para 48 times ainda na edição do Qatar-2022. Está certo que isso ocorra para a edição do México-EUA-Canadá. Há dois motivos para essa sua estratégia: agradar federações nacionais com mais vagas e aumentar em estimados US$ 1 bilhão a renda da Copa.

Em resumo, a diretoria da Fifa continua a pensar em dinheiro apesar de o caixa e a lucratividade da Copa do Mundo estarem longe de ser um problema. O plano aprovado para o Mundial de Clubes também tem como prioridade o aumento de arrecadação.

Sobre o Autor

Nascido no Rio de Janeiro, em 1977, Rodrigo Mattos estudou jornalismo na UFRJ e Iniciou a carreira na sucursal carioca de “O Estado de S. Paulo” em 1999, já como repórter de Esporte. De lá, foi em 2001 para o diário Lance!, onde atuou como repórter e editor da coluna De Prima. Mudou-se para São Paulo para trabalhar na Folha de S. Paulo, de 2005 a 2012, ano em que se transferiu para o UOL. Juntamente com equipe da Folha, ganhou o Grande Prêmio Esso de Jornalismo 2012 e o Prêmio Embratel de Reportagem Esportiva 2012. Cobriu quatro Copas do Mundo e duas Olimpíadas.

Sobre o Blog

O objetivo desse blog é buscar informações exclusivas sobre clubes de futebol, Copa do Mundo e Olimpíada. Assim, pretende-se traçar um painel para além da história oficial de como é dirigido o esporte no Brasil e no mundo. Também se procurará trazer a esse espaço um olhar peculiar sobre personagens esportivas nacionais.