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Rodrigo Mattos

O dia que tomei uma surra de bola de Juan, o craque que se aposenta

rodrigomattos

01/05/2019 13h06

Ao final do Flamengo e Cruzeiro, o zagueiro Juan foi celebrado por colegas e pela torcida no Maracanã pelo encerramento da sua longeva e gloriosa carreira. Enquanto ele dava a volta olímpica, me veio a lembrança a primeira vez que o vi jogar bola. Vai aqui um relato completo (mais ou menos porque a memória falha) a pedido de leitores que viram essa história no meu twitter.

Não, não foi no Maracanã. Foi em uma quadra meio detonada de futebol de salão em uma escola municipal próximo à Lagoa Rodrigo de Freitas, na zona sul do Rio de Janeiro. Disputava-se ali o campeonato interno do Colégio Pedro II, unidade Humaitá.

Meu time era do 1o ano do segundo grau, tínhamos portanto 15 anos. E enfrentaria a equipe de Juan, um ano mais novo, e então na oitava série (hoje chamam de nona série). Ele tinha portanto 14 anos, da turma da minha irmã mais jovem e já era jogador do infantil do Flamengo. Pela lembrança, devia ser ai o ano de 1993.

Em uma avaliação 25 anos depois, diria que minha equipe era bem boa, jogadores fortes, técnicos (nosso melhor jogador não apareceu porque foi para uma noitada, éramos adolescentes). Eu era reserva, e mesmo assim tinha um nível bem ok, jogava desde os 6 anos e o salão era meu forte. Antes do jogo, estávamos lá discutindo entre nós: "Será tranquilo, precisamos só marcar o cara do Flamengo. O time deles é fraco." Aham…

Pois bem, iniciado o jogo, Juan começou a dar um baile. Final do primeiro tempo, estava 3 x 0 para o time dele, com três gols deles. Pelo que me lembro, ele jogava de fixo, mas estava em todos os lados da quadra. O que assistíamos era um cara driblando nosso time inteiro, dando passes, batendo falta. A gente não o achava.

Intervalo, e um amigo meu, que hoje também trabalha com futebol, começa a defender que tínhamos que quebrar o Juan. "Não dá o único jeito é pegar ele", dizia ele. O time meio em dúvida: "será?" Esse amigo meu, que era corredor velocista, bem que tentou… Mas ele não conseguia atingir o jogador.

Juan desacelerou porque, afinal, ele tinha jogos mais importantes para resolver já então. Tomamos no final um placar de 4 x 2 ou 4 x 1, não lembro precisamente. Ele deu mais um passe para gol jogando de freio de mão puxado. Após meu relato no twitter, alguns leitores contaram experiências parecidas em peladas que enfrentaram um ainda adolescente Juan.

Em resumo, a minha experiência foi: não se desdenha do craque. Saíamos nós com a viola no saco naquela manhã, e Juan seguiu rumo a sua carreira vitoriosa, jogador de seleção em duas Copas e tão ligado ao Flamengo onde iniciou e agora encerra seu ciclo.

 

Sobre o Autor

Nascido no Rio de Janeiro, em 1977, Rodrigo Mattos estudou jornalismo na UFRJ e Iniciou a carreira na sucursal carioca de “O Estado de S. Paulo” em 1999, já como repórter de Esporte. De lá, foi em 2001 para o diário Lance!, onde atuou como repórter e editor da coluna De Prima. Mudou-se para São Paulo para trabalhar na Folha de S. Paulo, de 2005 a 2012, ano em que se transferiu para o UOL. Juntamente com equipe da Folha, ganhou o Grande Prêmio Esso de Jornalismo 2012 e o Prêmio Embratel de Reportagem Esportiva 2012. Cobriu quatro Copas do Mundo e duas Olimpíadas.

Sobre o Blog

O objetivo desse blog é buscar informações exclusivas sobre clubes de futebol, Copa do Mundo e Olimpíada. Assim, pretende-se traçar um painel para além da história oficial de como é dirigido o esporte no Brasil e no mundo. Também se procurará trazer a esse espaço um olhar peculiar sobre personagens esportivas nacionais.