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Rodrigo Mattos

Flu reduz dívida graças à venda de jogadores, mas segue sufoco de cobranças

rodrigomattos

08/05/2019 04h00

Comparado com o ano passado, o Fluminense evoluiu em suas finanças ao conseguir uma redução de sua dívida graças à venda de jogadores que ultrapassou R$ 100 milhões. Com isso, o débito tricolor teve uma queda de R$ 14 milhões considerado o montante líquido e o déficit ficou sobre controle. A questão é que o clube segue no sufoco com penhoras judiciais e ameaça de exclusão do Profut.

No total, o Fluminense vendeu R$ 119 milhões em jogadores em 2018, com negociações como Wendel, Dourado e Ayrton Lucas, Sornoza, além de percentual da venda de Richarlisson. Sua receita geral atingiu, assim, R$ 297,3 milhões. "Receita gerada com venda de jogadores, que foi determinante para a manutenção da operação do clube."

Houve uma redução da dívida líquida de R$ 568,5 milhões para R$ 555 milhões. Para chegar a esse número, é preciso fazer um ajuste no passivo do clube que inclui as luvas do contrato de televisão da Globo por norma contábil (esse não é dívida). O clube registra ter pago R$ 53 milhões em débitos fiscais e trabalhistas. O déficit ficou controlado em R$ 1,5 milhão.

Mas o cenário está longe de ser de céu de brigadeiro. Pelo excesso de dívidas, o Fluminense chegou a ter bloqueados 30% das receitas bloqueadas, percentual que foi reduzido para 15%. No total, o clube acumula depósitos judiciais de R$ 38,9 milhões, relacionados a ações trabalhistas.

Entre as cobranças na Justiça, estão ações da Unimed. No total, a ex-parceira cobra R$ 35 milhões do Fluminense em processos, segundo o balanço. Essas demandas são por percentuais de jogadores a que a empresa tinha direito e nunca foram pagos. No próprio balanço, o clube reconhece que o objetivo é seguir as ações para obter uma posição de negociação.

No documento, o clube diz estar se esforçando para adequar as despesas às receitas sem contar a venda de jogadores. Pretende assim resolver uma "série de compromissos" assumidos por gestões anteriores que impactam nos custos. Pelo balanço, o clube tem que pagar R$ 284 milhões durante o ano (passivo circulante), o que inviabilizaria seu funcionamento já que é valor similar à sua receita anual.

Com falta de recursos, o Fluminense descumpriu três itens da Lei do Profut, durante o período de 2018: falta de pagamento de salários de jogadores, déficit acima de 10% da receita (balanço de 2017) e a limitação de mandatos a quatro anos com recondução. Por conta disso, o Fluminense sofre processo movido pela Apfut (Agência reguladora do futebol) desde o meio do ano passado.

O balanço não indica uma conclusão ao processo, mas não vê risco imediato de sair do projeto. "Até a data de aprovação das demonstrações financeiras, não ocorreu nenhum fato a fim de interferir na manutenção do Clube no PROFUT." A solução apontada pela diretoria tricolor para resolver as pendências com Profut? Mais venda de jogador.

Sobre o Autor

Nascido no Rio de Janeiro, em 1977, Rodrigo Mattos estudou jornalismo na UFRJ e Iniciou a carreira na sucursal carioca de “O Estado de S. Paulo” em 1999, já como repórter de Esporte. De lá, foi em 2001 para o diário Lance!, onde atuou como repórter e editor da coluna De Prima. Mudou-se para São Paulo para trabalhar na Folha de S. Paulo, de 2005 a 2012, ano em que se transferiu para o UOL. Juntamente com equipe da Folha, ganhou o Grande Prêmio Esso de Jornalismo 2012 e o Prêmio Embratel de Reportagem Esportiva 2012. Cobriu quatro Copas do Mundo e duas Olimpíadas.

Sobre o Blog

O objetivo desse blog é buscar informações exclusivas sobre clubes de futebol, Copa do Mundo e Olimpíada. Assim, pretende-se traçar um painel para além da história oficial de como é dirigido o esporte no Brasil e no mundo. Também se procurará trazer a esse espaço um olhar peculiar sobre personagens esportivas nacionais.