Estudo aponta 'descontrole absurdo' na gestão do Cruzeiro
O Cruzeiro vive uma "situação complicadíssima" e tem um "descontrole absurdo" sobre suas contas. O diagnóstico é do estudo do Itaú/BBA, divulgado nesta semana. Com dados detalhados, o relatório aponta que o clube alavanca seus gastos sem ter receitas que sustentem esses investimentos.
Além dos dados sobre dívidas e receitas, o estudo do Itaú/BBA analisa a capacidade de os clubes de quitar seus compromissos nesta e nas próximas temporadas. Para isso, é preciso avaliar a geração de caixa (de dinheiro) de uma agremiação para pagar suas contas – o índice tem nome de EBITIDA.
Incluídas as vendas de jogadores, o Cruzeiro teve geração de caixa de R$ 1 milhão em 2018, e R$ 3 milhões negativos, em 2017. Ou seja, esse é o dinheiro que sobrava ou faltava após pagar todas as despesas. "Gostaríamos de ressaltar o Cruzeiro. Viu suas receitas crescerem, mas no capítulo de custos, especialmente com pessoal, teve aumento significativo e o resultado foi a geração de caixa praticamente zero pelo segundo ano seguido."
Sem geração de caixa, o clube terá em algum momento dificuldade para pagar seu dia a dia, como explica o consultor César Grafietti, um dos autores do estudo. Nesta ano, o Cruzeiro já atrasou salários.
Por que o clube chegou a esta situação? A principal explicação é que o Cruzeiro gasta no patamar de Flamengo e de Palmeiras com pessoal (salários em geral), sem ter o dinheiro similar a esses dois clubes. Acumula rendas não garantidas como premiação da Copa do Brasil ou venda de jogador.
Seu custo com pessoal saltou de R$ 153 milhões, em 2016, para R$ 250 milhões, em 2018, abaixo só do Palmeiras, e acima do Flamengo. Isso significa que 81% da receita cruzeirense vai para pessoal, maior percentual entre os grandes (o estudo desconsiderou a venda de Arrascaeta na receita de 2018, o que foi incluído pela diretoria cruzeirense de forma irregular).
Também houve aumento de investimento em 2018. O presidente cruzeirense Wagner Pires de Sá reclamara da herança da gestão do antecessor Gilvan Pinho Tavares. Em vez de tentar resolve-la, dobrou a aposta. "Em 2017, o clube havia reduzido seus investimentos, mas em 2018 voltou a acelera-los, triplicando os em relação ao ano anterior", diz o estudo do Itaú. Saltou de R$ 32 milhões para R$ 98 milhões.
Esse dado leva à constatação feita pelo relatório do banco que o Cruzeiro é o clube com maior alavancagem de dívida na elite do Brasil. Esse dado avalia quanto o clube se endivida em relação à capacidade de pagar esses débitos. Quanto maior o índice, pior. A agremiação cruzeirense tem índice de 469, único grande que é considerado um caso crítico nesta medição. Os clubes mais responsáveis têm esse patamar entre zero e cinco.
Diante de todo esse cenário, o estudo do Itaú/BBA afirma: "O clube tem um descontrole absurdo, e leva ao pé-da-letra a máxima de que clube de futebol não quebra. As ações observadas em 2018 são um coleção de atitudes que vão contra qualquer manual de boa gestão."
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