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Rodrigo Mattos

Ceará e Fortaleza dividem 'gestão' do Castelão e repetem dupla Fla-Flu

rodrigomattos

04/08/2019 04h00

Protagonistas do clássico cearense, neste sábado passado, Fortaleza e Ceará têm compartilhado parte da gestão do Castelão desde a saída da empresa Lagardere no final de 2018. Operam o estádio em todos os dias de jogos, têm parceria em fornecedores e patrocinadores. Mas não participam da manutenção do estádio que fica a cardo do Estado do Ceará ao contrário do que ocorre no Maracanã com a dupla Fla-Flu.

Com a Largarderé, os clubes cearenses tinham que pedir permissão para qualquer iniciativa de marketing, instalação de lojas, mudanças de fornecedores. Agora, têm autonomia em troca de pagarem um aluguel um pouco mais caro: passou de 9% da renda para 13%.

"Dia de jogo, recebemos a chave do estádio para exploramos da forma que for mais conveniente. Temos agora as bebidas, estacionamento, publicidade estática. Antes, era a terra do não e tínhamos dificuldade até para botar uma loja móvel, e não respeitavam nossa agenda de jogos", afirmou o presidente do Ceará, Robinson Castro.

"O modelo atual é mais interessante. Só temos a operação do jogo e não temos outro foco (manutenção do estádio, shows). Tivemos um acumulado de renda extra líquida de R$ 800 mil a R$ 900 mil. Nos nossos jogos, estamos fazendo Fan Fests, com opções para crianças, e conseguimos ocupar o estádio por muito mais tempo", contou o presidente do Fortaleza, Marcelo Paz.

Com a possibilidade de gerirem o próprio jogo, Ceará e Fortaleza firmaram a parceria para poder dividir os mesmos fornecedores e patrocínios. E também se acertaram na divisão de ingressos. No clássico com o Ceará como mandante, serão 75% dos torcedores do alvinegro, e 25% dos tricolores. No jogo do returno, inverte-se. A renda é do clube mandante. Cada um opera o seu jogo individualmente.

Para assumir de vez a gestão do estádio, no entanto, há empecilhos financeiros. A estimativa é de que o custo de manutenção mensal seja de R$ 800 mil a R$ 900 mil por mês. Isso é bancado pelo Estado do Ceará no momento, e os clubes não querem assumir esse custo. Há a previsão de nova licitação, mas os dois times estão satisfeitos com a situação atual.

"Espero que não tenha licitação. Estádio foi feito para futebol. Já damos 13% da renda bruta para o Estado", analisou Marcelo Paz, do Fortaleza, que vê com descrença a possibilidade de assumir completamente o estádio.

"Teria de haver uma contrapartida do Estado. Mas isso já acontecia com a empresa", avaliou Robinson Castro. "Mas a licitação pode demorar. O que está agora é bem razoável."

Em comparação com o Rio de Janeiro, Flamengo e Fluminense se livraram da intermediação da Odebrecht e passaram a assumir de fato o estádio. Mas a dupla tem que pagar pela manutenção do estádio que é estimada em R$ 24 milhões por ano, incluído pagamento para o Estado. O estádio, ressalte-se, gera receita bem superior ao Castelão, pois têm contratos de visitação e bebidas maiores.

 

Sobre o Autor

Nascido no Rio de Janeiro, em 1977, Rodrigo Mattos estudou jornalismo na UFRJ e Iniciou a carreira na sucursal carioca de “O Estado de S. Paulo” em 1999, já como repórter de Esporte. De lá, foi em 2001 para o diário Lance!, onde atuou como repórter e editor da coluna De Prima. Mudou-se para São Paulo para trabalhar na Folha de S. Paulo, de 2005 a 2012, ano em que se transferiu para o UOL. Juntamente com equipe da Folha, ganhou o Grande Prêmio Esso de Jornalismo 2012 e o Prêmio Embratel de Reportagem Esportiva 2012. Cobriu quatro Copas do Mundo e duas Olimpíadas.

Sobre o Blog

O objetivo desse blog é buscar informações exclusivas sobre clubes de futebol, Copa do Mundo e Olimpíada. Assim, pretende-se traçar um painel para além da história oficial de como é dirigido o esporte no Brasil e no mundo. Também se procurará trazer a esse espaço um olhar peculiar sobre personagens esportivas nacionais.