Topo

Rodrigo Mattos

Por que Conmebol cobra R$ 320 em ingresso para final única da Libertadores

rodrigomattos

23/08/2019 04h00

A Conmebol anunciou os preços dos ingressos da final única da Libertadores com um preço mínimo de US$ 80,00 (R$ 320). Esse valor será válido para a maior parte do público geral pois abrangem os setores específicos para os dois clubes finalistas, um deles será brasileiro em vaga em disputa entre Palmeiras, Internacional, Flamengo e Grêmio. A questão é como a confederação sul-americana chegou a este preço e se ele é justo em comparação com outros eventos internacionais?

Primeiro, vamos entender como funciona a distribuição de ingressos da final. A capacidade do Estádio Nacional, em Santiago, sede da final, gira em torno de 50 mil pessoas. A Conmebol não divulgou quantos serão os ingressos, mas o blog apurou algumas das cargas de bilhetes. Cada clube visitante terá em torno de 12 mil lugares. Outros seis mil serão negociados na pre-venda divulgada pela Libertadores, com valores de US$ 100 (R$ 404) e US$ 250 (R$ 1.010). Haverá outro lote de venda além de ingressos para patrocinadores, parceiros comerciais e entidades em números ainda não sabidos.

E como foi decidido o valor do ingresso? "Foram feitos estudos para definir os preços levando em consideração a relevância do evento, nível de serviço, todo o dispositivo operacional que esta sendo preparado, as atividades como fan zone, etc. Da mesma forma estudou-se os mercados de cada pais, eventos passados, etc..", afirmou ao blog o diretor de competições da Conmebol para a Libertadores, Frederido Nantes.

Ou seja, a Conmebol definiu os valores dos ingressos primeiro pensando em seus custos operacionais. E, entre essas despesas, estão as cotas fixas para os dois clubes para compensar suas perdas com bilheteria. Além disso, a ideia da Conmebol é fazer uma produção no estilo final da Liga dos Campeões com eventos durante toda a semana, ações de marketing, e operações de segurança. Foi assim em Madrid, no jogo entre Boca Juniors e River Plate.

Outras referências citadas pelo diretor da Conmebol são os mercados e os eventos passados. O blog fez um levantamento dos preços de ingressos cobrados no Brasil para as últimas finais da Libertadores disputadas pelos times nacionais, no caso Grêmio (2017), Atlético-MG (2013) e Corinthians (2012).

Os valores dos ingressos médios foram atualizados pela inflação. Dito isso, o ingresso do jogo do Galo (em 2013) é o que de fato supera o valor mínimo da Conmebol. O ingresso daquela final com o Olimpia atingiu, em média, R$ 358,00. Já os ingressos das decisões do Corinthians (R$ 148,00) e do Grêmio (R$ 135,00) são menos da metade do cobrado pela Conmebol.

Mas é preciso lembrar que, com a final única, o jogo ganha em importância por ser apenas um evento que decide o título. A partida na arena gremista, por exemplo, não decidia a taça. Além disso, o número de ingressos disponíveis é bem menor já que, no momento, são apenas 30 mil bilhetes disponíveis confirmados – haverá outros em vendas posteriores.

Então, cabe uma comparação com os ingressos da Liga dos Campeões, já consolidada com a final única. Na última decisão, havia quatro categorias de ingressos para o jogo. A mais barata, categoria 4, era de 70 euros (R$ 313,00), levemente menor do que o ingresso da Libertadores. Mas, na final da Liga, eram mais categorias. E, a partir da categoria 2, os valores subiam bastante atingindo 160 euros, 450 euros e 600 euros. Portanto, no geral, são bilhetes mais caros do que os da decisão da Libertadores.

Feitas as comparações, a Conmebol adotou um critério parecido com o da Copa América. Estabeleceu um patamar de preço alto para cobrir os custos do evento, mas é bem provável que consiga comercializar tudo pela escassez de bilhetes e por ser um evento único. Para ajudar a Conmebol, os times com mais chances de chegar à final, tanto argentinos quanto brasileiros, têm torcidas numerosas.

 

 

 

Sobre o Autor

Nascido no Rio de Janeiro, em 1977, Rodrigo Mattos estudou jornalismo na UFRJ e Iniciou a carreira na sucursal carioca de “O Estado de S. Paulo” em 1999, já como repórter de Esporte. De lá, foi em 2001 para o diário Lance!, onde atuou como repórter e editor da coluna De Prima. Mudou-se para São Paulo para trabalhar na Folha de S. Paulo, de 2005 a 2012, ano em que se transferiu para o UOL. Juntamente com equipe da Folha, ganhou o Grande Prêmio Esso de Jornalismo 2012 e o Prêmio Embratel de Reportagem Esportiva 2012. Cobriu quatro Copas do Mundo e duas Olimpíadas.

Sobre o Blog

O objetivo desse blog é buscar informações exclusivas sobre clubes de futebol, Copa do Mundo e Olimpíada. Assim, pretende-se traçar um painel para além da história oficial de como é dirigido o esporte no Brasil e no mundo. Também se procurará trazer a esse espaço um olhar peculiar sobre personagens esportivas nacionais.