CBF precisa expor erros do VAR após pênalti bizarro para o Santos
Há 20 dias o chefe da comissão de arbitragem da CBF, Leonardo Gaciba, fez um balanço sobre o VAR no Brasileiro: informou que houve só 10 erros capitais e 98% de acerto após 14 rodadas. Uma bela evolução em relação a 2018. Mas não explicou quais eram os lances em que houve equívocos. Pois, quando ocorre um erro bizarro como o pênalti marcado para Santos após intervenção do árbitro de vídeo, é preciso dar explicações mais claras para salvar a credibilidade do mecanismo.
No lance na Vila Belmiro, o santista Marinho sofreu um toque com o braço fora da área e caiu. Durante a queda, já dentro da área, ele fez um contorcionismo para simular que tinha sofrido novo contato que o desequilibrou. Não era o caso, foi só teatro.
O árbitro de vídeo Rodrigo Nunes de Sá viu algo (provavelmente um leve toque no pé) e chamou seu colega de campo Rodrigo Carvalhaes. Ele foi ao vídeo e deu o pênalti. Antes, a dupla tinha ignorado um pênalti real em Marinho em outra falta na área, em erro que não foi grotesco como esse no final do jogo.
A mudança de decisão do campo, por sinal, é quase um padrão. Estatística da CBF mostra que, em quase 80% dos lances em que vai revisar no vídeo, o árbitro altera o que tinha marcado de primeira. Portanto, a chamada para o VAR se tornou bem poderosa, dando enorme influência a quem está na cabine.
Como bem lembrou o colega Mauro Cezar Pereira, Rodrigo Nunes de Sá é o mesmo que estava no vídeo quando não foi dado pênalti para o Ceará quando o são-paulino Thiago Volpi atropelou o atacante do time nordestino. Esse lance não foi considerado um erro capital de arbitragem pela comissão da CBF que viu ali um choque normal. A informação é extraoficial.
Aí está a questão: Gaciba, que tem buscado transparência em suas explicações sobre o VAR, não diz de fato o que é erro e mau uso do mecanismo. De fora, o que transparece é falta de critério já que um atropelamento não merece revisão no vídeo ao lado do campo, enquanto um toque leve (ou inexistente) é revisado e vira penal.
Mas essa explicação precisa vir da CBF. A entidade adotou medida correta e transparente de expor as imagens do árbitro de vídeo em replays nas transmissões a partir do segundo turno. Falta agora uma transparência em relação aos critérios que são adotados pelos árbitros e quando são aplicados incorretamente. Se os áudios do VAR não podem ser expostos, que a confederação volte a fazer a lista de equívocos de arbitragem em seu site, que sumiu neste ano.
Não se trata de perseguição aos árbitros ou exigências de geladeira. Só que o público e jornalistas precisam ter elementos para entender qual o nível de interferência que deve ter o VAR na prática. Por que o pênalti marcado pelo Santos está bem longe da "mínima interferência, máximo benefício" pregada pela Fifa. E ocorreu em um jogo de disputa pela liderança do Brasileiro.
Sem uma explicação, a CBF corre o risco de ver de novo teorias conspiratórias voltarem à tona quando deveriam ter sido sepultadas pelo VAR. Pior, ninguém vai levar a sério a entidade quando apresentar a próxima estatística dizendo que há 98% de acerto com o VAR.
Ressalte-se, em defesa de Gaciba, que há um período de adaptação normal de um campeonato ao árbitro de vídeo. E que o critério pode ser mal entendido por árbitros neste contexto. Essencial é que a CBF fale sobre esses problemas, pois só assim vai haver uma melhora. Quando joga o erro para baixo do tapete, a confederação não evolui.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.