Tite erra quando culpa clubes por calendário que gera desfalques

Foto : Pedro Martins/Mowa Press

Ao contrário de convocações anteriores, o técnico Tite decidiu chamar dois jogadores de Flamengo e Grêmio, e não limitar apenas a um por lista, na sua convocação para amistosos da seleção. No total, há 18 desfalques para as equipes nas três listas de seleções. Ao tratar de impactos no campeonato, Tite afirmou que os clubes também são responsáveis pelo calendário do futebol brasileiro que tem conflito entre seleções e campeonatos.

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"Estou tendo o máximo de equidade, o máximo de bom senso. Mas também tem fatores… O calendário, que a gente pode esclarecer, a informação, não é só da CBF. Ele é dos clubes. Ele é muito mais decisivo na competição de Copa do Brasil do que na competição de vai e volta (pontos corridos). Aqui está um técnico que sofreu isso", afirmou o treinador.

Na prática, não é assim que ocorre. A CBF faz o calendário do futebol brasileiro sozinha, não há votação ou participação dos clubes. As agremiações podem dar sugestões e palpites, mas não têm nenhum poder de decisão.

Os clubes participam, sim, dos conselhos técnicos para definição dos formatos dos campeonatos como Brasileiro e Estaduais. Nos bastidores, é essa a argumentação da CBF para dizer que os clubes são também responsáveis pelo calendário.

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No argumento da confederação, os clubes aprovam contratos e formatos de Estaduais com mais datas, o que lhes dá mais dinheiro. Assim, na alegação da CBF, esta precisa encaixar 18 datas no calendário e acaba ocorrendo o conflito com a seleção.

Mas a questão é que os formatos e contratos só são assinados de acordos com os espaços que a confederação dá às competição. E a CBF reduz de forma lenta os Estaduais para não contrariar as federações que são suas aliadas e definem a eleição na entidade.

As federações querem manter Estaduais grandes porque assim seguem relevantes. É o "sistema CBF" que ganha com esse calendário, não os clubes. Esses podem ser acusados, no máximo, de omissos na discussão.

Haverá uma redução dos Estaduais para 2020 para liberar as datas-Fifa para os jogos da seleção. Na entrevista, o coordenador da seleção, Juninho Paulista, ressaltou que não vai mais ter jogo da Copa do Brasil e do Brasileiro nos jogos da seleção.

É uma meia-verdade. De fato, as datas-Fifa estarão liberadas, mas a Copa América vai ocorrer sem paralisação dos campeonatos. Assim, de novo, a seleção vai, sim, desfalcar os clubes em 2020 apesar do discurso do diretos. E nenhum clube votou ou participou da manufatura desse cronograma.