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Rodrigo Mattos

Clubes sofrem com queda de R$ 330 milhões em vendas de jogadores em 2019

rodrigomattos

25/09/2019 04h00

Em situação financeira complicada, os clubes brasileiros sofreram com uma queda de R$ 330 milhões (ou 25%) nas vendas de jogadores para o exterior em 2019 em relação à temporada anterior. É o que mostram números recentemente publicados pela CBF relacionados às duas janelas de transferências da temporada.

Pelos dados divulgados pela confederação, os clubes brasileiros negociaram 90 jogadores para o exterior nas janelas do início e do meio do ano, que acabou em julho. Com esses atletas, as agremiações ganharam 210 milhões de euros (R$ 968 milhões pelo câmbio atual). Talvez a maior decepção para os times nacionais tenha sido o segundo período de venda que costuma gerar o maior montante: ficou em 116 milhões de euros.

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Em comparação, os clubes brasileiros arrecadaram R$ 1,3 bilhão com vendas de jogadores no ano passado. Esse total foi obtido com 116 negociados na temporada, 26 atletas a mais do que na atual temporada.

A queda na arrecadação com venda de jogadores representa um impacto significativo nas combalidas contas dos clubes. Para se ter ideia, estudo do Itaú BBA mostra que a dependência das agremiações em negociações de atletas tem crescido. No ano de 2018, essas transações saltaram para 20% do total das receitas dos clubes – em 2014, chegaram a representar apenas 12%.

Por que isto ocorreu? Com a crise econômica do país, houve uma queda geral de renda com patrocínios. Além disso, a desvalorização do real frente ao dólar e ao euro tornou mais atrativas as negociações de jogadores. O próprio estudo do Itaú BBA aponta o perigo da dependência de vender atletas:

"De maneira geral, é uma distribuição de receitas desequilibrada quando lembramos que esta é uma visão consolidada. Mas não pela relevância da TV e sim porque os clubes estão cada vez mais dependentes de receitas não recorrentes. O perfil ideal seria observarmos crescimento de publicidade e patrocínio e das receitas com bilheteria e sócios torcedores", afirma o estudo.

Como exemplo prático, o São Paulo montou um time caro com Daniel Alves, que se tornou o maior salário do futebol brasileiro com R$ 1,5 milhão. Apostava em uma venda de David Neres pelo Ajax, o que lhe daria um percentual da negociação, mas esta não ocorreu. Agora, terá de realizar alguma transação de algum de seus jogadores mais jovens até o final do ano para fechar a conta.

No Rio, o Vasco da Gama, sufocado sem quase nenhuma receita de televisão neste ano pelas antecipações, apostava em uma venda de atleta de R$ 30 milhões para aliviar os cofres. Só conseguiu negociar Desábato e obteve um total de R$ 10 milhões no semestre.

Apesar de ter vendido um valor menor de jogadores, os clubes brasileiros gastaram mais com a aquisição de atletas em relação ao ano passado. Foram 59,3 milhões de euros (R$ 268 milhões) nas duas janelas desta temporada. Enquanto isso, no ano passado, foram R$ 182,5 milhões investidos em contratações vindas do exterior.

Sobre o Autor

Nascido no Rio de Janeiro, em 1977, Rodrigo Mattos estudou jornalismo na UFRJ e Iniciou a carreira na sucursal carioca de “O Estado de S. Paulo” em 1999, já como repórter de Esporte. De lá, foi em 2001 para o diário Lance!, onde atuou como repórter e editor da coluna De Prima. Mudou-se para São Paulo para trabalhar na Folha de S. Paulo, de 2005 a 2012, ano em que se transferiu para o UOL. Juntamente com equipe da Folha, ganhou o Grande Prêmio Esso de Jornalismo 2012 e o Prêmio Embratel de Reportagem Esportiva 2012. Cobriu quatro Copas do Mundo e duas Olimpíadas.

Sobre o Blog

O objetivo desse blog é buscar informações exclusivas sobre clubes de futebol, Copa do Mundo e Olimpíada. Assim, pretende-se traçar um painel para além da história oficial de como é dirigido o esporte no Brasil e no mundo. Também se procurará trazer a esse espaço um olhar peculiar sobre personagens esportivas nacionais.