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Rodrigo Mattos

Nova regra da Fifa reduz poder de superclubes e compras de jovens

rodrigomattos

25/09/2019 17h22

A Fifa anunciou nesta quarta-feira a aprovação por um de seus comitês de restrições ao mercado de transferências de jogadores. Entre elas, está a limitação dos percentuais das comissões para agentes e de número de empréstimos de jogadores. As medidas vão reduzir as compras de jovens brasileiros e o poder de superclubes.

Ressalte-se primeiro que essas novas regras ainda precisam ser referendadas pelo Conselho da Fifa que se reúne no final de outubro. Mas o presidente Gianni Infantino tem maioria no órgão e é o maior incentivador das novas restrições. Então, a aprovação deve ser confirmada.

Foram aprovadas medidas no comitê para restringir a 10% as comissões de agentes nas transações de jogadores quando paga por clubes vendedores. E esta será de apenas 3% quando paga por times compradores. No caso dos empréstimos, a Fifa vetará que um clube empreste internacionalmente mais de oito jogadores de 22 anos ou mais ao mesmo tempo na próxima temporada, número que cairá para seis em 2021-2022.

O objetivo é evitar que clubes contratem vários jogadores jovens que não vão utilizar no elenco principal como reserva de mercado. Ou seja, fazem apostas e mantêm os jogadores sob contrato emprestando os para clubes menores.

Trata-de de uma um tipo de operação comum entre os superclubes europeus. O Manchester City, por exemplo, colocava atletas que não iria aproveita no Girona. O Real Madrid mantém atletas em sua filial o Castilla. E outros como o Chelsea estabelecem parceiros temporários.

"No Brasil, essa medida vai reduzir a contratação de jovens jogadores. O clube europeu terá de ter muita certeza antes de investir", analisou Marcos Motta, advogado e diretor de um dos  stakeholders consultados pelo Comitê da FIFA. "Há um efeito positivo para o Brasil por que indiretamente isso vai ajudar na formação de jovens jogadores que atuarão por mais tempo aqui."

Em compensação, os clubes perderão em receitas de negociação de atletas ainda na base como vem ocorrendo atualmente. Não significa que isso não vai mais ocorrer, mas será reduzido porque os clubes com mais dinheiro terão uma limitação.

Outra medida favorável ao clube-formador é que haverá mecanismo de solidariedade para transações nacionais, isto é, um time brasileiro ganhará percentual por revelar um atleta negociado entre dois clubes ingleses. Antes, isso só ocorria se fossem duas agremiações de países diferentes. Mais, os pagamentos de solidariedade serão feitos por um sistema financeiro da Fifa, ou seja, há maior segurança de que vão ser respeitados.

Em relação à restrição de comissão para empresários, é um passo da Fifa para regular o mercado de agentes e impedir comissões milionárias que, teoricamente, tiram dinheiro dos clubes. Por isso, os agentes também terão de voltar a serem registrados na Fifa.

"Os agentes menores serão mais prejudicados. Um estudo mostra que os maiores percentuais de comissões são em negociações menores", contou Marcos Motta.

Sobre o Autor

Nascido no Rio de Janeiro, em 1977, Rodrigo Mattos estudou jornalismo na UFRJ e Iniciou a carreira na sucursal carioca de “O Estado de S. Paulo” em 1999, já como repórter de Esporte. De lá, foi em 2001 para o diário Lance!, onde atuou como repórter e editor da coluna De Prima. Mudou-se para São Paulo para trabalhar na Folha de S. Paulo, de 2005 a 2012, ano em que se transferiu para o UOL. Juntamente com equipe da Folha, ganhou o Grande Prêmio Esso de Jornalismo 2012 e o Prêmio Embratel de Reportagem Esportiva 2012. Cobriu quatro Copas do Mundo e duas Olimpíadas.

Sobre o Blog

O objetivo desse blog é buscar informações exclusivas sobre clubes de futebol, Copa do Mundo e Olimpíada. Assim, pretende-se traçar um painel para além da história oficial de como é dirigido o esporte no Brasil e no mundo. Também se procurará trazer a esse espaço um olhar peculiar sobre personagens esportivas nacionais.