A volta da teoria conspiratória faz mal ao Brasileiro
Ao final do jogo com o Internacional, o presidente do Palmeiras, Maurício Galiotte, e o técnico Mano Menezes reclamaram da anulação do gol alviverde e alegaram tratamento diferenciado do VAR entre Palmeiras e Flamengo. É a volta da teoria da conspiração ao Brasileiro tão presente em edição anteriores.
Vamos por partes. O gol palmeirense foi anulado por conta de um toque de mão de Willian na bola após sofrer falta do zagueiro do Internacional. Foi dada a vantagem e saiu o gol, mas, posteriormente, o VAR constatou que a bola bateu na mão de Willian e portanto anulou o gol. Modificada pela Fifa, a regra considera irregular lance em que um dos atacantes toca com a mão na bola de qualquer forma mesmo que não exista a intenção. Deveria ser marcada a falta, mas o gol não tinha como ser dado.
Ao reclamar, Galiotte afirmou: "Em muitos lances, é só vocês fazerem um levantamento, o VAR não tem atuado em jogos do Flamengo, isso é fato. Ontem foi um exemplo. Tem o jogo do Internacional também no Maracanã. A gente vem a público pedir uma arbitragem que apite igual para todos."
Em sua coletiva, Mano disse que o VAR não pode ter camisa e também citou o Flamengo como favorecido por suposta não expulsão de Gabiol em entrada em Daniel Alves, na partida diante do São Paulo. O lance é discutível.
Houve lances de erros e acertos contra Flamengo e Palmeiras nesta temporada, alguns com VAR e outros sem. O próprio time rubro-negro teve lance de gol corretamente anulado por mão de Rodholfo em situação similar a de Willian, no mesmo Beira-Rio. Mas não houve nenhum erro grave em jogos das duas equipes.
Ainda assim, o Palmeiras volta a repetir a teoria de que há apito a favor do Flamengo como fez em 2016. A CBF tinha então predomínio paulista o que continua a ocorrer atualmente. O atual presidente Rogério Caboclo foi eleito graças à articulação do seu antecessor Marco Polo Del Nero, banido do futebol por corrupção e ainda conselheiro do Palmeiras.
Não se está aqui a dizer que há esquema para o Palmeiras. Não existe favorecimento ao time alviverde, nem a nenhum outro no Brasileiro de pontos corridos. Mas é difícil crer neste cenário político que exista uma articulação para prejudicar o Palmeiras. E, se olharmos as rodadas do campeonato, não há nada de anormal que justifique uma teoria dessas.
A pressão sobre arbitragem é algo comum no futebol brasileiro. Nem por isso deixa de ser nociva. Quando se joga suspeita sobre um campeonato mancha-se sua credibilidade para o público que passa a crer que os jogos se decidem fora do campo ainda que não se tenha elementos para provar isso.
É justo que os clubes reclamem de erros de arbitragem, exijam uma melhoria da CBF pois mesmo com o VAR ainda há um excesso de falhas. Mas a teoria da conspiração de forma gratuita só alimenta fantasmas inexistentes.
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