Calendário da CBF boicota final única da Libertadores e Flamengo
Quando entrar em campo em Lima para a final única da Libertadores, o Flamengo terá tido exatamente cinco dias de intervalo de seu último jogo no Brasileiro que será disputado contra o Grêmio, neste domingo. Com apenas três dias de intervalo, voltará a campo pelo campeonato nacional para enfrentar o Ceará.
Pior, o Flamengo tinha inicialmente um jogo marcado para o fim de semana na decisão, partida diante do Vasco que foi antecipada. A rodada não mudou e há um Santos x Cruzeiro previsto para noite da decisão em Lima, fora o restante dos jogos no domingo. É uma completa demonstração de desrespeito da CBF com a decisão única da Libertadores que deveria ser um evento único no continente.
Peguemos o exemplo da Champions League. Na última final, o Liverpool e o Tottenham se enfrentam no dia 1o de junho. Isso ocorre depois de 19 dias de descanso dos dois times considerados seus últimos jogos na Premier League. Ou seja, houve um intervalo quase quatro vezes maior do que o que terá o time brasileiro.
Na Europa, outras ligas terminam depois da inglesa, mas em geral sua temporada se encerra duas semanas ou dez dias antes da principal final do continente. Mesmo o River Plate, no também apertado calendário argentino, terá nove dias para se preparar para a final única da Libertadores.
Esse encaixotamento da final da Libertadores no calendário da CBF não é ruim só pelo aspecto físico do Flamengo. A decisão única foi criada para ser um grande evento de promoção do futebol sul-americano. Para isso, é preciso haver tempo para curtir o jogo, para discuti-lo antes, festejar os campeões depois. Não faz o mínimo sentido um eventual campeão continental jogar na quarta-feira seguinte de ressaca.
A própria Conmebol também tem responsabilidade no problema. Marcou sua partida mais nobre para uma semana que começa com uma data-Fifa. Na terça-feira, a seleção enfrenta a Coréia do Sul, na segunda, a Argentina pega o Uruguai. Por pouco, não haveria um jogo amistoso entre Chile e Peru, em Lima, sede da final, a três dias do jogo. Só uma contusão evitou que o Flamengo só tivesse Arrascaeta disponível no meio da semana depois do time uruguaio.
Se querem de fato levar a sério a ideia da final única, a Conmebol, a CBF e outras federações nacionais deveriam abrir uma janela de pelo menos sete dias antes da decisão. Em caso contrário, é melhor abrir mão logo da decisão única, e voltar as raízes sul-americanas de jogos de ida e volta.
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